A quadrilha que atacou três agências bancárias em Botucatu (SP) na madrugada da quinta-feira, 30, usou, segundo a Polícia Civil, armamento de guerra na ação e é a mesma que promoveu ações semelhantes em outras duas cidades do interior paulista. Ainda segundo a polícia, foi recuperado R$ 1,7 milhão roubado do Banco do Brasil.
Um suspeito foi morto, mas a polícia vai ainda investigar se ele integrava o bando. Um familiar disse, durante registro de boletim de ocorrência da ação, que o rapaz – Ivan de Almeida, de 29 anos, morador de Botucatu – vivia sob um viaduto a 150 metros do cerco policial e não era ligado a assaltos a banco.
Segundo o boletim de ocorrência, no entanto, ele estava com um fuzil e um colete a prova de balas quando foi atingido. Diante das contradições entre o registro policial e a versão da família, foi aberta uma apuração.
As apurações, segundo o delegado-assistente da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) local, Geraldo Franco Pires, rastreiam o bando após análises periciais no material apreendido, em amostras de sangue e também impressões digitais. Já se sabe que foi usado em Botucatu o mesmo modo de operação dos ataques em Bauru, em setembro de 2018, e Ourinhos, em maio passado: envolvimento de cerca de 40 homens fortemente armados e uso de carros em chamas em acessos das cidades para atrapalhar a ação policial e facilitar a fuga. "É uma apuração que precisa de tempo, mas estamos mobilizados e já temos alguns nomes. Estamos também aguardando diversos laudos", disse Pires.
<b>Fuzil e granadas</b>
O dinheiro recuperado foi encontrado em dois carros abandonados por assaltantes. Foram apreendidos também oito carros de luxo blindados, a maioria da marca Land Rover, um fuzil antiaéreo .50, uma metralhadora 9mm, três granadas, 17 artefatos explosivos e um rádio comunicador.
A caça aos assaltantes mobilizou cerca de 200 policiais civis e militares, de batalhões especializados, da cidade e de municípios vizinhos. Dois policiais militares foram feridos levemente em confrontos na madrugada. Foram ao menos cinco tiroteios pela cidade.
O Banco do Brasil trabalha, desde ontem, para normalizar o atendimento em Botucatu e para que a agência consiga reabrir na semana que vem, ainda sem dia definido. A instituição não comenta sobre valores roubados. A reportagem aguarda uma manifestação da PM sobre a versão do familiar do suspeito morto.
A morte de Ivan de Almeida, segundo informa nota da Secretaria de Segurança Pública do Estado, será investigada por delegacias especializadas, corregedorias de polícia e também informada ao Ministério Público Estadual, que acompanhará a tarefa. Esse tipo de medida, conforme o texto da SSP, é comum e determinado pela pasta sempre que aparecem casos de mortes decorrentes de intervenção policial.
A SSP não comentou as declarações de familiares – que dão a entender que Ivan era morador de rua e inocente. Também em nota, a secretaria informou que trabalha permanentemente para reduzir os casos de roubo a banco no Estado – e deu dados para dizer que tem conseguido. "O mês de junho deste ano não registrou nenhum caso e o semestre registrou o segundo menor número (14) de casos da série histórica, atrás apenas de igual período de 2019 (11 casos)".
A nota informa, ainda, que o trabalho integrado entre as Polícias Civil e Militar de São Paulo resultou, nos primeiros seis meses de 2020, na prisão de 14 criminosos envolvidos com essa prática e na apreensão de 43 fuzis utilizados nessas ações.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>