O presidente de Níger, Mohamed Bazoum, emitiu nesta quinta-feira, 27, uma nota desafiadora prometendo proteger a democracia, após um golpe de Estado dado por soldados amotinados. Horas depois, no entanto, o apelo de Bazoum se chocou de frente com uma declaração do comando militar, de que apoiava o golpe, destituía o presidente e fechava as fronteiras do país.
Bazoum, eleito em 2021, foi preso. O golpe é o sexto na África Ocidental em menos de três anos – em Mali, Guiné e Burkina Faso a prática também se tornou corriqueira, o que reflete a dificuldade de se fortalecer a democracia na região.
O ministro das Relações Exteriores, Hassoumi Massaoudou, também pediu que a população defenda a democracia. No Twitter, ele afirmou que o "poder legal e legítimo" em Níger ainda é o exercido pelo presidente eleito, enfatizando que, embora tenha havido uma tentativa de golpe, não era todo o Exército que estava envolvido.
"Pedimos a todos os soldados rebeldes que retornem aos quartéis. Tudo pode ser alcançado através do diálogo, mas as instituições da república devem funcionar", disse Massaoudou.
<b>Violência</b>
Níger é um importante aliado de França e EUA na guerra contra grupos jihadistas na região do Sahel. O papel do país cresceu desde que as relações do Ocidente com as ditaduras de Burkina Faso e Mali se deterioraram, levando à retirada de tropas estrangeiras. A pareceria contra o terrorismo, agora, está em risco.
Ontem, um protesto em favor do golpe deixou vários feridos na capital Niamey, o que levou o Ministério do Interior a proibir todas as manifestações públicas e advertir que aplicará "todas as medidas legais" contra os infratores.
O anúncio foi feito através da emissora de TV pública ORTN, com a leitura de um comunicado assinado pelo secretário-geral do Ministério do Interior, Seydou Halidou, que disse ter recebido "com amargura" os acontecimentos, os quais qualificou como "vandalismo e atos maliciosos". "As forças policiais têm instruções firmes para garantir a segurança das pessoas e de seus bens por todos os meios legais", disse Halidou.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>