Estadão

Bolsonaro admite gelo em Zambelli; Ela queria falar comigo, não respondi

Uma das mais ferrenhas aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) está no "gelo". Desde as eleições do ano passado, a parlamentar não consegue falar com Bolsonaro. Nesta segunda-feira, 7, o próprio ex-presidente admitiu que não atendeu mais a deputada, apesar de ela ter tentado contato.

O "gelo" começou logo após o episódio em que a parlamentar apareceu em vídeo correndo pelas ruas de São Paulo com uma arma apontando para um homem com quem tinha discutido numa calçada.

"Ela queria falar comigo um tempo atrás, eu não respondi. Eu me recolhi desde o segundo turno das eleições, não falo com quase ninguém. Voltei há pouco tempo à quase normalidade da vida pública. Nada contra a Carla Zambelli, espero que ela explique tudo o que aconteceu."

Parte dos apoiadores de Bolsonaro consideram o incidente da arma um fato determinante para a vitória de Lula sobre o ex-presidente.

Zambelli é investigada pela Polícia Federal na Operação 3FA, que apura uma possível invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a inserção de um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Em depoimento dado no fim de julho, o hacker Walter Delgatti Neto, o mesmo que capturou trocas de mensagens entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, admitiu a invasão e implicou Zambelli diretamente pela inserção da ordem de prisão fraudulenta contra Moraes. Segundo a PF, ele confirmou que houve ainda um encontro com Bolsonaro no Palácio do Alvorada em que o ex-presidente teria perguntado sobre a possibilidade de hackear uma urna eletrônica.

"Eu tive, ao longo do meu mandato, milhares de encontros. Se uma pessoa tem um problema e tem uma foto comigo, eu sou inquirido", disse Bolsonaro sobre as acusações.

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