A vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo está afastada dos processos criminais de competência do Supremo Tribunal Federal (STF). A mudança foi oficializada nesta sexta-feira, 25, no Diário Oficial da União.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que a substituição acontece porque Lindôra está de férias e foi preciso designar alguém para dar continuidade ao trabalho.
Como o mandato do procurador-geral da República Augusto Aras termina em 26 de setembro, ela não deve voltar a atuar nos processos em curso no STF.
O subprocurador-geral Humberto Jacques de Medeiros assume a função, já a partir de hoje. Ele antecedeu Lindôra na coordenação penal da PGR e deixou o cargo em abril de 2022, a pedido.
O acervo pendente no STF inclui inquéritos sensíveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como a investigação das fraudes nos cartões de vacina da covid-19 e o inquérito das milícias digitais. Os casos relacionados aos atos golpistas do dia 8 de janeiro continuam com o subprocurador Carlos Frederico Santos.
Lindôra é considerada uma das principais vozes bolsonaristas no Ministério Público Federal. Sua substituição acontece a um mês do fim do mandato de Aras, que tem buscado uma aproximação junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de olho na recondução.
Ao longo do governo Jair Bolsonaro, Aras foi sistematicamente acusado de alinhamento ao Executivo. Entre os colegas, o afastamento de Lindôra é visto como um gesto final para tentar neutralizar o histórico e se manter no comando da PGR.
Durante sua gestão, a vice-procuradora atuou em casos sensíveis e sistematicamente fez pareceres que isentaram Bolsonaro e seu governo de responsabilidades por atos ou medidas polêmicas, como nos indiciamentos da CPI da Covid, na investigação sobre fake news da vacina, no inquérito sobre o vazamento de informações de um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou na apuração sobre tentativas de interferência na Polícia Federal.