Renovadas incertezas em relação à desaceleração da economia mundial após a divulgação de dados fracos de atividade da China e da Europa deixam os mercados externos cautelosos nesta terça-feira, 5. Essa parcimônia contamina o Ibovespa, que também avalia o recuo mais intenso do que o esperado da produção industrial brasileira de julho na Pesquisa Industrial Mensal (PIM).
Na segunda-feira, o Índice Bovespa fechou em baixa de 0,10%, aos 117.776,62 pontos, em meio a preocupações fiscais, e com um giro financeiro de apenas R$ 12 bilhões. Com a volta das bolsas norte-americanas, após feriado na segunda-feira, nesta terça, espera-se que o volume aumente.
O temor com o rumo das contas públicas do Brasil continua no radar dos investidores, à medida que persistem as dúvidas quanto ao cumprimento da meta de déficit zero em 2024 e em relação à desaceleração abrupta dos índices de preços. Seguem no radar temores de que o governo adote contabilidade criativa para elevar a arrecadação para cumprir a meta fiscal do ano que vem.
"A tensão relacionada às iniciativas do governo para tentar zerar o déficit primário continua, isso na parte macroeconômica. Só que tem também questões microeconômicas, como as dúvidas relacionadas ao JCP juros sobre capital próprio. Todos esses pontos estão meio que trazendo um pouco de água no chope, e o mercado está mais estressado do que no fim de julho. Há muita dúvida sobre as contas públicas", avalia João Piccioni, analista da Empiricus Research,
Além da queda das bolsas asiáticas, europeias e americanas o minério fechou com recuo de 0,59% em Dalian, na China. Já o petróleo passou a subir com força, com o do tipo Brent – referência para as ações da Petrobras – atingindo US$ 90 o barril. Há relatos de cortes na produção da commodity pela Arábia Saudita e pela Rússia.
Na China, onde o PMI de serviços recuou de 54,1 em julho a 51,8 em agosto, enquanto o PMI composto passou de 51,9 a 51,7 no mesmo período. Os números elevam expectativas de anúncio de novos estímulos à economia por
"A principal notícia são os PMIs da China de agosto, que vieram mais fracos. O que salva é o petróleo", afirma Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos. "Mas o mercado ainda segue cético em relação ao déficit zero em 2024, como quer o governo, que parece que tentará, de todo modo, medidas arrecadatórias para atingir esse objetivo. A questão é se usar contabilidade criativa pegará muito mal", completa Takeo.
Às 11h11, o Ibovespa caía 0,28%, aos 117.452,57 pontos, depois de cair 0,97%, na mínima aos 116.637,02 pontos. Petrobras subia 0,62% (PN) e 1,31% (ON). Já Vale ON diminuía a queda a 0,13%.
Os investidores ainda monitoram o debate sobre a pauta fiscal. Sob pressão de líderes no Congresso e do mercado financeiro para rever despesas, a equipe econômica e ministros terão hoje uma reunião para tentar amarrar os pontos principais de uma proposta de reforma administrativa.
Na segunda-feira à noite, a Câmara dos Deputados aprovou, por 360 votos favoráveis a 18 contrários, a votação do requerimento de urgência apresentado ao projeto de lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas do governo, que trata também dos juros do rotativo do cartão de crédito.