O Grêmio terá de dar explicações para a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) sobre as ameaças feitas pelo técnico Renato Gaúcho após a derrota sofrida diante do Flamengo, por 4 a 2, na quinta-feira à noite. O treinador ameaçou incitar os torcedores do clube contra jornalistas esportivos por causa de discordâncias com a cobertura realizada pelos profissionais.
"Quando a gente ouve algumas pessoas da imprensa falando besteira, e é bom que eu não tenho medo de vocês da imprensa e não tenho medo de nenhum de vocês. Vou começar a dar o nome aqui na próxima entrevista, se continuar falando besteira durante a semana, vou deixar um de vocês, ou dois ou três, mais famosos, mas eu vou dar o nome. Depois vocês se acertam com a torcida do Grêmio. É só continuar falando besteira lá que eu tenho autorização do meu presidente e aí vocês vão ver lá nas redes sociais", ameaçou o treinador.
A atitude foi completamente reprovada pela Abraji. O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, citado pelo treinador, não se pronunciou até o começo da noite.
"Trata-se de uma lamentável tática de intimidação da imprensa, que expõe jornalistas a injúrias, difamação, divulgação indevida de dados pessoais, ameaças e, nos casos mais extremos, pode redundar em agressões físicas e tentativas de homicídio. Tais consequências perturbam o trabalho e causam aflição psicológica aos profissionais da imprensa, muitas vezes resultando em quadros de ansiedade e depressão", afirmou o presidente da Abraji, Marcelo Träsel.
A Abraji enviou um ofício para a direção do Grêmio pedindo explicações sobre as declarações de Renato Gaúcho, mas ainda não obteve resposta.
A Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos também repudiou a fala do treinador e criticou o sistema de entrevistas coletivas adotado pelo clube, com áudios enviados à assessoria de imprensa antes da conferência, com perguntas gravadas e selecionadas previamente.