A General Motors (GM) levou a funcionários de suas fábricas paulistas a
necessidade de iniciar um plano de reestruturação, em razão da piora na expectativa de vendas não apenas ao restante do ano, mas também para 2024. A primeira tentativa da montadora de abrir um programa de demissões voluntárias foi, no entanto, rejeitada na semana passada em assembleias realizadas por trabalhadores das fábricas de automóveis em São Caetano do Sul e São José dos Campos, assim como em Mogi das Cruzes, onde a montadora produz componentes.
A intenção da empresa era abrir o PDV na última segunda-feira, 18, deixando o programa aberto a adesões do maior número possível de empregados até terça-feira da semana que vem, 26. Seria voltado a funcionários com no mínimo sete anos completos de casa das áreas de produção e de suporte à manufatura. Além das verbas rescisórias previstas em lei, a montadora ofereceu oito opções de incentivos ao desligamento voluntário.
Essas opções variavam de 21 meses de plano de saúde, sem pagamento de salário adicional, a sete salários adicionais, sem cobertura de plano médico. Ou seja, quanto maior fosse o número de salários, menor seria o tempo em que o funcionário estaria protegido pelo plano de saúde após deixar a montadora. Segundo informações dos sindicatos de São Caetano, onde a GM produz os modelos Montana, Spin e Tracker, e de São José dos Campos, de onde saem a picape S10 e o utilitário esportivo TrailBlazer, ainda não foi marcada uma nova reunião para discutir medidas de readequação das fábricas.
Procurada pelo <b>Broadcast</b>, a GM apenas confirmou que o PDV não foi aceito nas três unidades de São Paulo. Na fábrica da montadora em Gravataí (RS), que produz o Onix, nenhum ajuste foi apresentado aos trabalhadores, conforme o sindicato dos metalúrgicos da região.
A movimentação da GM acontece após os descontos patrocinados pelo governo nas vendas de automóveis proporcionarem um alívio apenas temporário à indústria automotiva.
Em comunicado no qual apresenta argumentos para a realização do PDV, a GM alega que a atual demanda do mercado requer que a empresa realize um plano de reestruturação para adequar sua mão de obra ao volume de produção previsto.
No documento, ao qual o <b>Broadcast</b> teve acesso, a montadora alega que os ajustes de produção feitos até agora pela indústria, incluindo a própria GM – como férias coletivas e folgas – não têm sido suficientes para alinhar a produção à menor demanda. "As projeções mostram que essa condição não deve mudar nesse ano e nem em 2024, sendo que assim será necessário iniciarmos um plano de reestruturação", informou a empresa aos empregados.
Ao contrário dos últimos anos, quando a produção foi freada pela falta de componentes eletrônicos, a montadora reconhece que o problema passou a ser a retração das vendas, como reflexo dos juros altos. "Agora, os ajustes não são mais por falta de peças, é necessário adaptar as fábricas ao tamanho do mercado. Os juros altos para financiamento de veículos zero quilômetro retraem a demanda e, consequentemente, as projeções de vendas para os próximos meses também cai. Não há previsão de melhora, inclusive, para o ano de 2024", reforçou a montadora. Sem citar a Argentina, que tem eleição daqui um mês, a GM também citou dificuldades de exportação a outros países da América do Sul em virtude de incertezas econômicas e políticas.