O Irã criticou, nesta sexta-feira, 6, a atribuição do Prêmio Nobel da Paz à defensora dos direitos das mulheres presa na República Islâmica, Narges Mohammadi, como uma decisão "tendenciosa e política" e uma "medida de pressão do Ocidente".
"Soubemos que o Comitê Nobel atribuiu o Prêmio da Paz a uma pessoa que foi considerada culpada de reiteradas violações da lei e que cometeu atos criminosos. Condenamos esta ação tendenciosa e política", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanani.
O diplomata afirmou que esta é mais uma "medida de pressão do Ocidente" contra o Irã e que se soma ao "terrorismo econômico e desumano" que o país sofre "há mais de quatro décadas". "A decisão do Comitê do Nobel da Paz é um ato político alinhado com a política intervencionista e anti-Irã de alguns governos europeus", afirmou o porta-voz iraniano.
O Comitê Norueguês do Prêmio Nobel anunciou nesta sexta-feira a atribuição do prestigiado prêmio a Mohammadi "pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos". O Prêmio Nobel também mencionou o ativismo de Mohammadi durante os protestos desencadeados no ano passado após a morte, sob custódia policial, da jovem Mahsa Amini, depois de ter sido detida por não usar corretamente o véu islâmico.
Mohammadi cumpre atualmente uma pena de 10 anos de prisão por "espalhar propaganda contra o Estado" e tem entrado e saído das prisões iranianas durante anos. O seu ativismo lhe custou 13 detenções e cinco penas de 31 anos de prisão no total e 154 chicotadas. A jornalista e ativista não vê os filhos há oito anos, que estão em Paris. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)