O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ordenou nesta segunda-feira, 9, um "cerco completo" à Faixa de Gaza, que inclui o corte de luz, água e a entrada de comida – o território já convive com um bloqueio parcial há 16 anos. Isolados no enclave palestino, o Hamas ameaçou executar um refém sempre que um ataque atingir seus habitantes sem aviso prévio.
No ataque de sábado, 7, os terroristas fizeram cerca de 150 reféns, incluindo mulheres e crianças. Alguns sequestrados são estrangeiros, como americanos, britânicos, franceses, russos e chineses. O México confirmou ontem que dois mexicanos foram capturados e levados para Gaza. A presença deles torna mais complexa qualquer operação militar. Ontem, o Hamas disse que quatro israelenses morreram nos bombardeios de Israel.
O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, afirmou ontem que não permitiria "nenhuma eletricidade, comida, água ou combustível" em Gaza, em uma tentativa de apertar o cerco ao enclave palestino de 2 milhões de habitantes. O Egito, no entanto, que controla a fronteira sul do território e normalmente atua em coordenação com Israel, não disse o que pretende fazer.
A inesperada escalada da violência deixou em choque muitos israelenses, que nos últimos dias convivem com duas novas realidades: jovens convocados para o serviço militar e listas de mortos e desaparecidos divulgadas pela imprensa.
O número de mortos nos ataques do Hamas passou de 900 ontem – 2,4 mil israelenses ficaram feridos. O Departamento de Estado dos EUA disse que 11 mortos eram americanos. Londres informou que 10 britânicos morreram ou estão desaparecidos. Do Brasil, há 3 desaparecidos.
<b>Reservistas</b>
Ontem, Daniel Hagari, porta-voz do Exército de Israel, disse que soldados israelenses recuperaram o controle de todas as comunidades fronteiriças, mas reconheceu que "ainda pode haver terroristas na área". De acordo com ele, centenas de militantes foram mortos em Israel. A emissora de TV Channel 13 afirmou que 1,5 mil corpos de palestinos foram encontrados em solo israelense.
Enquanto isso, os bombardeios a Gaza continuaram ontem. A ONU e autoridades palestinas disseram que as bombas atingiram um hospital, um mercado, mesquitas e casas. Pelo menos 687 palestinos morreram e 3,7 mil ficaram feridos em três dias.
Israel disse ter completado ontem a mobilização de 300 mil reservistas para preparar a próxima fase da guerra, que poderia envolver, segundo analistas, uma invasão terrestre de Gaza. No entanto, parece improvável que uma operação comece antes da expulsão de todos os terroristas do território israelense. A intensidade da ofensiva também é cercada de dúvidas, já que o Hamas mantém muitos reféns no enclave.
As escolas continuaram fechadas ontem em grande parte de Israel e muitas companhias aéreas reduziram pousos e decolagens no Aeroporto Internacional Ben Gurion, de Tel-Aviv. Entre as empresas que cancelaram voos estão as americanas United, Delta e American Airlines, além de Lufthansa, Air France, Iberia e Air Canada. Muitos turistas estão presos sem poder voltar para casa.
<b>Reféns</b>
Em uma região habituada aos conflitos, o que chama a atenção desta vez é um novo elemento no cabo de guerra entre israelenses e palestinos: a presença de reféns. Abu Ubaida, porta-voz das brigadas Izzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, ameaçou ontem executar os prisioneiros. "Agimos de acordo com nossos valores religiosos, para proteger as vidas dos cativos, mas os crimes do inimigo sionista contra nosso povo e a destruição contínua não nos deixaram escolha", disse.
De acordo com a agência France Presse, o governo do Catar já teria iniciado contatos para negociar uma troca de prisioneiros entre Israel e Hamas. As discussões teriam avançado ontem, segundo uma fonte militar, que não forneceu mais detalhes. Os mediadores catarianos, em contato com representantes palestinos em Doha, estariam negociando primeiro a libertação de mulheres e crianças capturadas em Israel. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>