Se 3º tri confirmar alta de 9%, haverá revisões nas projeções do PIB, diz BC

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira que, em se confirmando o bom resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano, deve haver revisões nas projeções deste e do próximo ano. "O Brasil tem melhorado projeções do PIB e o terceiro trimestre será fundamental para determinar esse ritmo. Se o número do terceiro trimestre confirmar alta de 9%, teremos revisões do PIB para um queda menor em 2020. Além disso, haverá um carregamento entre 2,7% e 3% para 2021, o que pode elevar as projeções para o PIB do próximo ano", afirmou, na abertura do 10ª edição do Congresso Internacional de Gestão de Riscos.

Segundo o presidente do BC, a dívida bruta do Brasil no pós-pandemia deve caminhar para algo entre 90% e 95% do PIB.

Mais uma vez, Campos Neto ligou a inflação de alimentos no curto prazo ao custo de commodities e ao aumento de consumo por famílias atendidas por programas sociais do governo.

"No Brasil a transferência de recursos foi muito maior para famílias do que paras as empresas e foi desenhada para atender a baixa renda", lembrou. "O Brasil gastou muito mais que mundo emergente durante a crise", repetiu.

O presidente do BC alertou mais uma vez que o País tem um nível de dívida muito superior ao de outros emergentes, com uma dívida que já vinha crescendo antes mesmo da pandemia. "Claramente é uma situação de dívida que precisa ser endereçada", apontou.

<b>Distanciamento social</b>

Campos Neto disse ainda que há uma "grande explosão" dos casos diários de covid-19 na Europa e nos Estados Unidos – talvez por um reflexo das eleições. "Mas quando olhamos o gráfico de óbitos, há uma evolução bem melhor, apesar de um aumento na Europa nas últimas duas semanas. Os leitos hospitalares começaram a ficar mais cheios e alguns países começaram a anunciar novas medidas de distanciamento social. Verificamos que as medidas de distanciamento social têm sido menos efetivas em reduzir a mobilidade", afirmou.

Ele avaliou que há incertezas sobre quais estímulos adicionais serão dados nos EUA, incerteza ampliada pelo resultado das eleições. "O desemprego não temporário subiu bastante nos EUA, enquanto a taxa de poupança subiu rapidamente", destacou.

Sobre a Europa, o presidente do BC citou dados de recuperação da economia em "V", que já arrefeceu nas últimas semanas. "O crescimento de crédito foi determinante em países europeus, assim como no caso brasileiro", completou.

Já a China já teria recuperação o crescimento para níveis próximos do ritmo pré-pandemia. "As vendas do varejo na China têm recuperação quase total", destacou.

Dentre os emergentes, Campos Neto destacou que o Brasil tem o melhor desempenho na saída da crise. "Em termos de PMI em emergentes, Brasil foi o que registrou menor queda", citou.

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