A carteira total de crédito no Brasil deve crescer 11,8% em 2020 na comparação com o ano anterior, informou nesta terça-feira, 17, a Pesquisa Febraban de Economia Bancária realizada entre 4 e 11 de novembro. O estudo mostra revisão para cima das projeções em relação ao levantamento anterior, realizado em setembro, cuja estimativa era de crescimento de 9,4% no ano.
A Pesquisa, que é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), tem como objetivo captar as percepções das instituições financeiras sobre a última ata do Copom e as projeções para o desempenho do mercado de crédito para o ano corrente e o próximo. No mês de novembro, 15 bancos participaram da pesquisa.
A melhora na avaliação do cenário é resultado da revisão para cima tanto do desempenho do crédito livre quanto do crédito direcionado.
Para os recursos livres, a projeção de crescimento da carteira avançou de 10,7% para 13,6%. Segundo a entidade, a alta foi puxada especialmente pelos empréstimos destinados às empresas, cuja projeção passou de uma alta de 15,7% (na pesquisa de setembro) para 20,4%, refletindo a elevada demanda que se observa por capital de giro.
A expectativa para a carteira de crédito destinado às famílias também melhorou, embora de forma mais modesta, de 6,7% para 7,8%. "A melhora do crédito pessoa física reflete a retomada das linhas ligadas ao consumo, como o cartão de crédito", diz a entidade.
Para o crédito direcionado, em que há destinação específica dos recursos, a projeção passou de 7,1% (setembro) para 8,6%. Os bons resultados são fruto, principalmente, do sucesso dos programas de crédito público, como o Pronampe e o PEAC, além do bom desempenho observado no crédito imobiliário, impulsionado pelas menores taxas de juros. "Vale lembrar que, até agosto, as pesquisas apontavam crescimento de até 3% da carteira direcionada", diz a entidade.
"No geral, o crédito livre tem se beneficiado da recuperação da atividade, baixa taxa de juros e manutenção da elevada demanda por capital de giro pelas empresas", disse em nota o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg.
<b>Taxa Selic</b>
Segundo o levantamento, nenhum dos respondentes acredita que o Copom fará novos cortes na Selic. Para a maioria (57,1%), o processo de normalização (alta) da taxa de juros deve se iniciar apenas no segundo semestre de 2021, enquanto 28,6% acreditam que as mudanças devam começar já na primeira metade do próximo ano. Apenas uma minoria (14,3%) prevê manutenção da atual taxa (2,0% ao ano) ao longo de todo 2021.
Também há consenso entre os participantes de que a recente alta dos preços não deve ser suficiente para alterar a condução da política monetária. Ainda que a maioria dos participantes (53,9%) espere algum repasse, pressionando a inflação ao longo do ano, não deve ser suficiente para levar as projeções para acima do centro da meta de 2021.
<b>PIB</b>
Em relação ao PIB para 2021, a maioria (69,2%) dos participantes espera algum arrefecimento na margem do crescimento da economia, levando a uma expansão entre 2,5% e 3,5%. Os demais (30,8%) esperam um crescimento maior, acima de 3,5%, impulsionados pela disponibilização da vacina, equacionamento do quadro fiscal, baixa taxa de juros, entre outros.