A sinalização explícita e unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) de que irá manter o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões deve ter o efeito de acomodar os juros do mercado de renda fixa em níveis mais moderados, considerando a elevação das incertezas externas, com a recente alta do juro no mercado americano e pela exacerbação do risco geopolítico, avalia o economista-chefe da Gauss Capital, Darwin Dib.
Outro elemento que deve cooperar para a curva local fechar taxas na curva real-denominada é a ausência de menções no comunicado de ontem aos eventos recentes no cenário fiscal, emenda Dib.
O economista pondera, no entanto, que a ausência era esperada. Primeiro, porque as magnitudes que estão na mesa para uma possível alteração da meta fiscal de 2024 seriam irrelevantes nos modelos de inflação do Banco Central, e, por consequência, de Selic. Segundo, porque o BC só costuma se pronunciar sobre fatos já consumados e a discussão ainda está em andamento. "Nem mesmo a redação tocante à questão fiscal sofreu qualquer radicalização neste comunicado."
Dib avalia que o único contraponto doméstico capaz de atrapalhar o fechamento da curva local no pregão de sexta-feira é se começar a circular neste meio tempo a ideia de uma alteração da meta fiscal de 2024 para um déficit primário acima de 0,50% do Produto Interno Bruto (PIB).