O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que a inflação cheia está caindo bastante no mundo, mas as taxas de juros tendem a se manter altas por mais tempo. Em países avançados, destacou, a Inglaterra está com queda menos acentuada. Nos países emergentes, o Brasil está com processo de desinflação "abrupto".
"Existia um certo nível de convicção sobre a desinflação global", disse Campos Neto logo no início de seu discurso. Ele ressaltou que existem desafios para essa desinflação, o que significa que as taxas de juros internacionais podem ficar mais altas por mais alta, o que implicações para a liquidez do mundo e no crédito para emergentes.
Em diversos países os núcleos encontram em patamares superiores às metas, o que reforça a visão de juro alto por mais tempo, reforçou o presidente do BC. "Vemos núcleos na inflação global caindo mas ainda em níveis elevados."
Roberto Campos Neto disse que o cenário global de inflação desacelerou um pouco, e ainda precisa ser monitorado de perto. Esse processo tende a ser lento e tem muitos desafios, afirmou em evento da Bradesco Asset nesta terça-feira, 7.
Havia uma tese de que a desinflação da economia mundial iria ser empurrada por diversos, mas esse movimento tem se mostrado desafiador, afirmou Campos Neto. No mercado imobiliário, por exemplo, os preços dos imóveis voltaram a subir na economia mundial. "Não parece que desinflação virá daí."
"Provavelmente vamos ter taxas de juros mais altas (no mundo) por mais tempo", disse o presidente do BC.
Campos Neto falou também da reorganização das cadeias mundiais, e de fenômenos como o "nearshoring", em que países desenvolvidos tendem a fazer mais comércio com vizinhos politicamente alinhados. "México e Vietnã são países beneficiados pela fragmentação das cadeias. O Brasil é candidato."