Estadão

PF: Fala de embaixador de Israel viola cooperação internacional e pode minar futuras ações

A Polícia Federal reagiu às declarações do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, sobre a Operação Trapiche – investigação que prendeu dois homens recrutados pelo grupo radical Hezbollah para a planejar ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil.

Em entrevista ao jornal <i>O Globo</i>, Zonshine afirmou que o Hezbollah planejou ataque terrorista no Brasil por ter apoiadores no País. "Se escolheram o Brasil, é porque tem gente que os ajuda."

A PF repudiou as declarações em nota oficial, frisando que suas ações são técnicas e que não cabe à corporação analisar temas de política externa .

"Manifestações dessa natureza violam as boas práticas da cooperação internacional e podem trazer prejuízos a futuras ações nesse sentido", registrou a PF sobre a fala de Zonshine.

A corporação ressaltou que o inquérito que culminou na fase ostensiva da Trapiche é conduzido de forma imparcial e isenta e indicou não admitir intromissões externas nas apurações.

"Cabe exclusivamente às instituições brasileiras definir os encaminhamentos e conclusões sobre fatos investigados em território nacional. Não se pode antecipar conclusões sobre os resultados da investigação, que segue seu rito de acordo com a lei brasileira", frisou a PF.

Aberta nesta quarta, 8, a Trapiche visou desmantelar atos preparatórios de terrorismo contra prédios da comunidade judaica no Brasil. O grupo já estaria inclusive monitorando alguns alvos, como sinagogas, fazendo fotos de tais locais.

Os investigadores prenderam dois suspeitos em São Paulo e vasculhou onze endereços em dois Estados e no Distrito Federal. Junto de alvo localizado quando desembarcava no Brasil, a PF apreendeu US$ 5 mil.

A Polícia Federal ainda inseriu mandados de prisão contra outros dois alvos, que estariam no Líbano, na lista de difusão vermelha da Interpol – a relação dos mais procurados da polícia internacional.

Ao longo do inquérito foi constatado que alguns dos investigados viajaram para Beirute, para encontros com o Hezbollah. As apurações tiveram início com informações colhidas pela inteligência dos Estados Unidos e de Israel.

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