A Priner, empresa de serviços industriais, acaba de concluir uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de R$ 200 milhões na Bolsa brasileiras, valor muito abaixo das aberturas de capital nacionais, que costumam superar a marca de R$ 1 bilhão. O teste do "mini-IPO" ocorre diante do interesse do investidor de menor porte pela renda variável por causa dos juros baixos. De outro lado, há muitas empresas médias com apetite por recursos para crescer.
Por causa da demanda, bancos e corretoras começam a se interessar por esse mercado. A XP, único coordenador da oferta da Priner, estruturou uma área focada nas ofertas de pequeno porte, apurou o jornal <b>O Estado de São Paulo/Broadcast</b>. Os fundos de private equity, que compram participação em empresas, têm em seu portfólio companhias candidatas a operações similares.
No caso da Priner, a oferta se concentrou em investidores brasileiros. Pessoas físicas ficaram com 40% do total e o restante com institucionais, dizem fontes. A Priner listou suas ações no Novo Mercado, segmento de maiores obrigações de governança da B3.
A Priner recebeu investimento da gestora carioca Leblon desde 2013, que há tempos defende mudanças no modelo de oferta de ações para viabilizar ofertas de menor porte. A oferta foi primária, e o fundo permaneceu na companhia.
Outros fundos são entusiastas dos "mini" IPOs. O Stratus, por exemplo, teria intenção de repetir a dose da Prinus com empresas como Cinesystem (rede de cinema) e Maestro (locadora de veículos).
A aposta é de que ao menos dez mini IPOs possam ocorrer neste ano. "Agora que houve o teste, outras ofertas devem ocorrer. Sempre tem que ter a primeira a abrir a porta", disse uma fonte que acompanhou a operação da Priner. A maioria deve ser de empresas já com investimento de private equity, o que seria garantia de uma governança mais organizada.
Rogério Santana, diretor de relacionamento com clientes da B3, disse que as miniofertas não serão mais o "patinho feio" do mercado, que já vem se estruturando ao redor dessas IPOs. No ano passado, o banco ABC Brasil lançou plataforma para atrair empresas com faturamento anual a partir de R$ 250 milhões que buscam um IPO.
Santana lembra que, quando o Brasil tinha elevadas taxas de juros e a renda fixa era o grande investimento no País, os investidores pediam liquidez para entrar e sair dos ativos. Como consequência, no mercado de renda variável estabeleceu-se uma barreira muito alta para um IPO ser considerado atrativo.
A movimentação pelas operações de menor porte ocorre há tempos. Em 2019, a B3 liberou IPOs menores de R$ 500 milhões no Novo Mercado, na tentativa de destravar esse segmento. No mercado, a percepção é de que o segmento pode decolar à medida que se acumulem histórias de sucesso. Antes da Priner, um dos casos êxito foi o da Sinqia, ex-Senior Solution, que abriu seu capital no Bovespa Mais e, anos depois, migrou ao Novo Mercado.
No ano passado, quando a provedora de tecnologia para o sistema financeiro voltou ao mercado e captou R$ 364 milhões em uma oferta subsequente, a demanda dos investidores foi forte. A Sinqia, aliás, já foi uma empresa do portfólio da Stratus.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>