Cidades

Perfil racial das juventudes de Guarulhos é apresentado a estudantes do Senac

Nesta quarta-feira (6) uma turma de 40 pessoas que integram o programa Jovens Aprendizes do Senac-Celestino participou de uma palestra sobre as mudanças no perfil racial das juventudes de Guarulhos com base nos censos demográficos de 2000, 2010 e 2022 ministrada pelo sociólogo e analista técnico do IBGE, Jefferson Mariano, na sede da Subsecretaria da Juventude, no Gopoúva.

A ação da pasta em parceria com o Conselho Municipal da Juventude (CMJ) faz parte da programação da 3ª Semana de Direitos Humanos de Guarulhos, que prossegue com atividades até domingo (10) e pode ser consultada no link  https://bit.ly/ProgramaçãoDireitosHumanos.

A maioria dos dados apresentadas na palestra se baseou em informações e comparações entre os censos de 2000 e 2022, uma vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) irá divulgar os dados da população negra do Censo 2022 no próximo dia 22.

O IBGE classifica a população como branca, preta, parda, amarela e indígena, sendo que a preta e a parda somadas formam a de negros. Em razão da dificuldade do recenseador de identificar o negro, a instituição adotou o critério da autodeclaração no critério raça/cor. “O racismo é fenotípico no Brasil, ou seja, baseia-se em traços físicos como cor da pele, tipo de cabelo, entre outras características”, explicou o sociólogo.

Diversos indicadores foram analisados, como a proporção entre os rendimentos da população negra em relação à branca em Guarulhos. Em 2000 o rendimento da população negra era de 74,2% e a da parda, 60%. Dez anos depois, essa proporção teve pouca alteração: 71,1% da população negra e 65% da parda.

A longevidade da população em relação à raça/cor no Censo 2010 aponta que a faixa etária mais velha (75 a 79 anos) era composta por 0,57% de brancos, 0,06% de pretos e 0,23% de pardos, indicando que a população negra morre mais cedo por ter dificuldade no acesso à saúde e também pela maior mortalidade de jovens masculinos por causas externas (violência urbana ou acidentes) e não naturais como doenças.

O levantamento de 2010 aponta que a população negra também se distribui territorialmente pelas áreas mais afastadas do centro, sendo os bairros proporcionalmente com maior concentração de negros Mato das Cobras, Invernada, Itaim, Jardim Bananal, Pimentas e Água Chata.

Os participantes puderam também conhecer alguns mapas territoriais do município, que indicam onde vivem as pessoas com curso superior ou as que frequentam a faculdade. Foi também uma oportunidade de se informarem sobre a comparação entre a quantidade de jovens brancos e negros que exercem atividade remunerada e a dos que não estão trabalhando e nem estudando no país.

Repercussão

 “Não tem como construir uma sociedade melhor sem políticas públicas assertivas e para isso precisamos de dados e analisá-los. Devemos olhar essas informações e entender que elas indicam situações de racismo, violência de gênero, preconceito, desigualdades e tantas outras que afetam nossos jovens e, a partir daí, pensar em ações que ajudem na mudança e no avanço da sociedade”, disse o subsecretário da Juventude, Cesar Sousa.

O objetivo do evento foi destacado pelo representante do CMJ, Vinícius Bontempo. “A ideia é mostrar a realidade da população guarulhense aos jovens para que entendam melhor como vivem e assim possamos discutir ações para a melhoria da qualidade de vida deles. Temos uma população grande de jovens negros que vivem em vulnerabilidade social. Os dados servem para elucidar o quão importante é fazermos ações na periferia e fornecer educação de qualidade”, disse.

Já o especialista do IBGE ressaltou a importância de traduzir os dados estatísticos. “Precisamos refletir sobre esses números que temos no município e no Brasil e pensar em como melhorar as condições da população jovem e fazer sua inserção na sociedade. É mapeando as informações que podemos sugerir maneiras para que as mazelas sociais sejam reduzidas. A educação é uma das poucas oportunidades de mobilidade social do negro porque ele enfrenta uma série de barreiras”, ponderou Mariano.

Posso ajudar?