O Ibovespa cai no último pregão de 2023 diante da alta moderada das bolsas americanas, do recuo das commodities e o quadro de uma inflação maior no Brasil. No entanto, o Índice Bovespa tenta defender a marca dos 134 mil pontos conquistada pela primeira vez na quarta-feira, 27, caminhando para fechar o ano com valorização de mais de 20%, após subir 4,7% em 2022 e ceder 11,93% em 2021.
Na quarta, o Ibovespa anotou o quarto recorde nominal consecutivo, aos 134.193,72 pontos, subindo 0,49%.
Os investidores acompanham a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, sobre medidas para compensar a desoneração da folha de pagamentos de alguns setores da economia.
Em meio a dúvidas fiscais, Haddad disse que as medidas anunciadas nesta quinta-feira, 28, não irão melhorar o resultado primário projetado, e sim vão repor a perda da arrecadação estimada com a extensão da desoneração da folha pelo Congresso. Reforçou ainda que a meta fiscal será perseguida pelo governo.
De todo modo, o Índice Bovespa mantém o sinal de queda na esteira do IPCA-15 de dezembro e de 2023 acima do esperado. "O resultado do IPCA-15 acende a luz amarela, ajuda o mercado a realizar um pouco. Mas é apenas um indicador que não é totalmente ruim. A composição não veio tão benigna como estávamos vendo antes. O qualitativo teve uma certa piora, mas o cenário de inflação sob controle não mudou", avalia a economista-chefe da B. Side Investimentos, Helena Veronese.
O IPCA-15 acelerou a 0,40% em dezembro, após ter subido 0,33% em novembro. Com isso, fechou o ano em 4,72%, pouco abaixo do teto da meta de 4,75%. Todos os resultados superaram as expectativas colhidas na pesquisa do Projeções Broadcast. Apesar da deflação de 3,18% do IGP-M em 2023, houve alta de 0,74% em dezembro, após 0,59% antes.
Neste cenário, os juros futuros avançam. "É mais uma pressão, e o investidor também está de olho no que o Haddad está falando agora", diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos. "Apesar da surpresa com o IPCA-15, o resultado não preocupa tanto, a não ser que isso vire consenso", pondera Mota, acrescentando que a ideia de um quadro controlado de inflação prevalece, por ora. "Teve o tom positivo do presidente do Banco Central ontem, em entrevista, de que os juros seguirão baixos."
Também para o economista André Perfeito não há um sinal de piora significativa após o IPCA-15 mais alto do que o previsto. Na visão do economista, à medida em que os dados econômicos melhorarem, "é razoável supor alguma elevação de preços, especial em serviços como já argumentei antes". Ao mesmo tempo, pondera que mantém sua projeção de Selic em 9,75% ao final do ciclo em 2024.
Às 11h40, o Ibovespa cedia 0,10%, aos 134.062,60 pontos, ante mínima aos 133.832,26 pontos (-0,27%) e máxima aos 134.270,36 pontos (alta de 0,06%).