O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou nesta quinta-feira, 18, que adiantou sua projeção para normalização nos juros do BC dos Estados Unidos do quarto trimestre para o terceiro trimestre deste ano. "Dito isso, se continuarmos a ver uma acumulação de surpresas para baixo nos dados da inflação, posso ficar confortável em defender uma normalização mais cedo do que no terceiro trimestre", afirmou ele, em discurso preparado para evento.
Bostic argumentou que o desafio do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) "será determinar por quanto tempo manter os juros no atual nível restritivo", enquanto os dirigentes quantificam os efeitos atrasados da política monetária sobre a economia.
"Se mantivermos juros por muito tempo, arriscaremos prejudicar o mercado de trabalho e a macroeconomia", ponderou o dirigente, acrescentando que indicadores de emprego serão essenciais.
Na visão dele, o crescimento do emprego e dos salários ainda segue abaixo dos níveis pré-pandemia e uma recuperação seria "saudável" para alcançar a meta de inflação, sem pesar desnecessariamente sobre a economia. Ainda, Bostic considera que deve ser contabilizado o "aperto passivo", resultado da diferença entre o nível dos juros e da inflação conforme os preços reduzem.
Entretanto, ele alerta que sua posição pode mudar, dependendo dos dados, e considerando que a inflação ainda está muito acima da meta de 2%. O dirigente destaca que diversas incertezas rondam a economia, como conflitos geopolíticos, incertezas sobre trajetória das cadeias de oferta e demanda, eleições presidenciais e o próprio desempenho da economia – que pode ser mais forte do que o esperado e pressionar a inflação.
"Se estes fatores impulsionarem a inflação, teremos que manter aperto monetário por mais tempo. Também devemos evitar cortes de juros prematuros, que podem reacender demanda e pressionar preços", concluiu Bostic, que vota nas decisões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) em 2024. "No momento, juros estão no nível apropriado para reduzir a inflação no médio prazo."