A deputada federal Tabata Amaral (PSB) se encontrou com Luiza Erundina (PSOL), deputada federal e ex-prefeita de São Paulo, nesta quinta-feira, 18. Tabata é pré-candidata a prefeita pelo PSB e deve enfrentar nas urnas o pré-candidato do PSOL, deputado Guilherme Boulos. Luiza Erundina foi vice na chapa de Boulos em 2020 e tem criticado a aproximação dele com a ex-prefeita Marta Suplicy.
O encontro entre Erundina e Tabata ocorre dias após uma reunião entre Boulos e Marta que selou a aliança entre os dois. O acordo, mediado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já vinha sendo dado como certo nos bastidores, sobretudo após a saída de Marta da Secretaria de Relações Internacionais da gestão Ricardo Nunes (MDB).
As fotos da reunião foram divulgadas nas redes sociais de Tabata. Na publicação, a pré-candidata à Prefeitura pelo PSB afirma ter tido "uma conversa muito inspiradora" com Erundina, a quem atribui "uma trajetória muito bonita na vida pública". Numa das fotos, Tabata aparece ao lado de Erundina com um livro do economista e escritor Paul Singer, que foi o secretário de Planejamento durante a gestão de Luiza Erundina em São Paulo.
Ao <b>Estadão</b>, Tabata Amaral afirma ter recebido Luiza Erundina com "felicidade". A conversa, segundo a deputada, faz parte de uma série de reuniões que vem organizando com os ex-prefeitos paulistanos. "Ela foi a primeira mulher a ser prefeita da cidade. Então, essa foi uma pauta muito forte do encontro, o que significa ser mulher na política. Até disse a ela: Olha, tenho muita sorte em ser pré-candidata numa cidade que já teve prefeitas e que, nessas duas ocasiões, deu certo ", diz Tabata, se referindo também à gestão de Marta Suplicy, a quem também já elogiou nas redes sociais.
Sobre desavenças entre Marta e Erundina, Tabata afirma "não ter nada a comentar". "Esse é um assunto entre as duas. O que sei é que tenho muita admiração pelas duas ex-prefeitas que a nossa cidade já teve", disse a deputada federal.
Para o acordo selado entre Marta, Lula e Boulos, a ex-prefeita retornará ao PT para compor a chapa. O PT paulistano definiu que a filiação será no próximo dia 2. Ela se desfiliou do PT em 2015, após 33 anos na legenda, e a postura que adotou desde então não agrada a Luiza Erundina.
<b>Relembre as desavenças entre Marta e Erundina</b>
Em 2020, durante a campanha eleitoral em que foi vice de Guilherme Boulos, Erundina queixou-se do apoio de Marta ao prefeito Bruno Covas (PSDB), então candidato à reeleição e principal adversário da chapa à esquerda. "Marta está apoiando Covas. Ela traiu o PT, traiu a esquerda e traiu o povo", disse Erundina. Ela não se referia apenas àquela eleição, mas a tudo que Marta havia dito sobre sua ex-sigla desde a desfiliação.
"O Partido dos Trabalhadores tem sido o protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou", disse Marta Suplicy, em carta dirigida aos diretórios petistas em 2015 quando saiu da sigla. Além disso, ela votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de quem havia sido ministra entre 2012 e 2014.
A adesão de Marta ao governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) já havia sido alvo de críticas. Na campanha à Prefeitura de São Paulo em 2016, Luiza Erundina era candidata pelo PSOL e Marta, pelo MDB. "Você apoia o governo Temer, um governo ilegítimo e machista", disse Erundina à então emedebista durante um debate televisivo promovido pela RedeTV!. "Você não passou no teste como feminista", alfinetou a candidata pelo PSOL.