Ainda descolado do sinal de Nova York – mas hoje em sentido inverso ao que havia prevalecido nas últimas sessões -, o Ibovespa saiu de 126 mil para 128 mil pontos, em alta de 1,31% nesta terça-feira, 23, em que contou com forte apoio de Vale (ON +2,06%) e, em menor grau, de Petrobras (ON +1,46%, PN +1,25%), três das quatro principais ações do índice – o que inclui Itaú PN, que também subiu, embora moderadamente (+0,46%). Um pouco de humor favorável à China fez com que a B3 andasse bem à frente de Wall Street, que ficou entre perda de 0,25% (Dow Jones) e ganhos de 0,29% (S&P 500) e 0,43% (Nasdaq) na sessão.
Hoje, o Ibovespa oscilou dos 126.611,68, da abertura, até os 128.331,38 pontos (+1,37%), em renovação de máximas ao longo da tarde. Ao fim, com giro a R$ 21,8 bilhões, mostrava 128.262,52 pontos, melhor nível de fechamento desde o dia 17 (128.523,83). Foi também o maior ganho diário em porcentual desde 13 de dezembro, então em alta de 2,42%. Na semana, o índice sobe 0,49%, com perda no mês a 4,41%.
Enquanto o dia foi de recuperação de preço para o minério de ferro na China, o petróleo mostrou viés de baixa, o que não impediu Petrobras de avançar nesta terça-feira, nas máximas do dia no meio da tarde, o que deu impulso adicional ao Ibovespa, logo atrás de Vale. Na ponta ganhadora do índice, destaque para IRB (+11,00%, após divulgação de lucro líquido até novembro, o primeiro desde 2019 para o mesmo intervalo), BRF (+6,89%) e Minerva (+5,78%). No lado oposto, 3R Petroleum (-1,99%), Casas Bahia (-1,52%) e Pão de Açúcar (-1,40%).
Com a agenda de indicadores relativamente vazia, a atenção se voltou nesta terça-feira para a China, observa em nota a Guide Investimentos. Os investidores aqui e por lá se animaram com novos relatos sobre a possibilidade de ajuda do governo, após os principais índices acionários da maior economia da Ásia terem atingido mínimas em anos, acrescenta a Guide, referindo-se a pacote de cerca de US$ 300 bilhões, que inclui compra de ações pelo governo, aguardado para os próximos dias.
"Viemos ontem de um pregão de queda do Ibovespa, e muito comprador de dólar que reaproximou a moeda americana de R$ 5. Hoje, a recuperação se esboçou antes da abertura do índice à vista, com o sinal positivo emitido pelos contratos futuros de Ibovespa, e ajuste favorável observado também no câmbio", diz Alan Soares, analista da Toro Investimentos.
Nesta terça-feira, "o dólar abriu com gap curto, mas chegou a ser negociado, durante a sessão, a R$ 5; depois mostrou queda bem consistente, e com bastante volume", acrescenta o analista, referindo-se à acomodação tanto do Ibovespa como do real, hoje, após a retomada de preocupações sobre a situação fiscal, ontem, em razão do anúncio de nova política industrial pelo governo, com destinação de R$ 300 bilhões até 2026. No fechamento desta terça-feira, o dólar à vista indicava baixa de 0,64%, a R$ 4,9552.
"Boa parte da alta do Ibovespa hoje pode ser explicada por correção técnica ante as quedas que tivemos em janeiro, um início do ano marcado por forte fluxo vendedor, em que os investidores realizaram lucros após as altas intensas de novembro e dezembro", diz Andre Fernandes, sócio e head de renda variável da A7 Capital.
Esse fluxo vendedor tem, em boa medida, relação com reposicionamento do investidor estrangeiro – que procede a ajuste das carteiras, especialmente em emergentes como o Brasil, tendo em vista que os juros de referência dos Estados Unidos podem não cair tão cedo quanto vinha sendo estimado no fim de 2023. Nesse contexto, os estrangeiros retiraram R$ 3,451 bilhões da B3 na sessão de sexta-feira, 19. Foi a maior retirada diária desde fevereiro de 2021, de acordo com dados levantados pelo Broadcast, reporta a jornalista Isabela Moya.
Em janeiro, até o momento, houve retirada de R$ 4,402 bilhões, resultado de compras acumuladas de R$ 176,565 bilhões e vendas de R$ 180,967 bilhões.
Hoje, reforça Fernandes, da A7, a relativa recuperação do Ibovespa decorreu de um fator externo, a China, que "pretende soltar um pacote de até US$ 280 bilhões para ajudar o mercado financeiro do país, que cai faz 3 anos". "Isso está se refletindo positivamente nas commodities metálicas, ajudando as ações do setor na nossa bolsa, entre as quais a Vale, que tem peso relevante no Ibovespa", acrescenta. Assim, além da mineradora, outros nomes importantes do segmento foram bem na sessão, como Gerdau (PN +1,77%) e CSN (ON +1,69%).
Nesta terça-feira, o desempenho em direção única das quatro ações de maior peso no Ibovespa – Vale ON (com ponderação de 14,1603%), Petrobras PN (7,4321%), Itaú Unibanco PN (7,1255%) e Petrobras ON (4,40543%) – também foi fundamental para a recuperação parcial vista na B3.
"A Bolsa fechou bem, acima dos 128 mil pontos, e o dólar também recuou, a R$ 4,95. Além do fator externo, no noticiário doméstico houve boa noticia: a arrecadação federal de 2023 – divulgada de manhã – foi a segunda maior da série histórica superada apenas pela de 2022, na sequência iniciada em 1995, em termos reais, o que contribui em momento de incertezas fiscais", observa Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos.