O Ibovespa opera nesta sexta-feira, 2, em queda na faixa dos 127 mil pontos, depois de ter subido 0,31%, com a máxima indo aos 128.878,43 pontos. A desvalorização reflete a desaceleração da alta da maioria dos índices futuros de ações em Nova York e o avanço dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Os movimentos refletem o relatório de emprego dos EUA, o chamado payroll, que mostrou números mais fortes do que o esperado.
Em linhas gerais, os dados reforçam as incertezas sobre quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) iniciará o processo de queda dos juros norte-americanos, já descartado em março nesta semana pelo presidente Jerome Powell.
"O payroll veio absurdamente forte. É impressionante a força do mercado do trabalho lá nos EUA. Muda completamente o cenário de juros. Tira qualquer possibilidade de corte dos juros do país em março e ainda coloca em xeque a chance de redução em maio", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Na plataforma CME Group, a chance de manutenção de juros em março pelo Fed avançou a 78,5%, após payroll, e a possibilidade de corte em maio não está mais em 100%.
Houve criação de 353 mil vagas em janeiro nos EUA, ante previsão de 195 mil pontos. A taxa de desemprego seguiu em 3,7%, ante projeção de 3,8%. No caso dos salários houve expansão de 0,55% na margem, no confronto com expectativa de alta de 0,3%, e aumento de 4,48% na comparação com janeiro de 2023 (previsão era de alta de 4,1%). Além disso, houve revisão para cima no resultado de dezembro, de 216 mil a 333 mil postos gerados.
"Veio forte em todas as linhas, como resultado da geração de vagas ficando quase o dobro do estimado pelo mercado", diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research. "E tudo isso já em janeiro, é um sinal bem negativo para o processo de corte de juros nos Estados Unidos", completa Larissa.
Neste ambiente, o Ibovespa eleva a queda semanal para cerca de 1,30%, depois de já ter caído quase 4,80% em janeiro. Ontem, fechou em alta de 0,57%, aos 128.481,02 pontos.
A queda do minério de ferro na China e os ruídos envolvendo a Vale também geram cautela. As ações da mineradora caíam 1,16% no horário citado acima. O contrato mais negociado do minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para maio de 2024, fechou em queda de 2,23%, cotado a 941 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 131,05.
Os papéis da mineradora ficam no foco, em dia da reunião extraordinária do conselho da Vale que vai avaliar se o atual presidente da empresa, Eduardo Bartolomeo, fica no cargo. Conforme apuração do <b>Broadcast</b>, a expectativa é que o encontro termine sem decisão final, o que pode elevar mais os ruídos em torno do assunto.
"O principal problema é a China, as incertezas com o ritmo de crescimento da economia, com o minério de ferro que tem relevância para a Vale", ressalta Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos. Ao mesmo tempo, acrescenta, ainda há uma visão desfavorável para a empresa em meio aos ruídos políticos recentes envolvendo a companhia, apesar do aumento na produção da mineradora no quarto trimestre. "Petrobras tem sido o grande destaque", diz Costa.
No Brasil, a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a produção industrial de dezembro subiu 1,1% em relação a novembro, ficando no teto das expectativas. A expansão pode servir de amparo a algumas ações ligadas ao consumo na Bolsa.
Às 11h25, o Ibovespa bateu a mínima, aos 127.209,46 pontos, com recuo de 0,99%