Estadão

Inflação a 2%, com demanda forte, sinalizará elevação nos juros neutros, diz membro do Fed

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Richmond, Tom Barkin, comentou nesta quinta-feira que um eventual retorno da inflação para a meta de 2%, sem desaceleração dos atuais níveis robustos de demanda, pode sinalizar uma elevação nos juros neutros. O dirigente afirmou que ainda não é possível saber qual é o nível neutro dos juros ou para onde levar as taxas, de acordo com os modelos disponíveis atualmente, uma vez que a economia não respondeu como o esperado ao aperto monetário agressivo do BC americano.

"Quando chegar o momento, teremos que alterar os juros cuidadosamente e analisar", respondeu ele, ao ser questionado sobre o tema, em evento do Clube Econômico de Nova York.

Com direito a voto nas decisões monetárias do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deste ano, Barkin evitou afirmar com precisão qual seria este momento de alteração dos juros. Para ele, a queda sustentada da inflação será responsável por motivar a normalização da política monetária.

"Vamos aprender muito nos próximos seis meses sobre a trajetória da inflação", observou o dirigente, acrescentando que "ninguém quer uma nova aceleração" dos preços.

Ele ainda descartou a possibilidade de riscos de contração dos preços americanos ligados de alguma forma à deflação na China, ao ser questionado no evento.

E caso a inflação persista acima de 2%, o dirigente afirma que não terá "problema em reverter curso e retomar o aperto dos juros, se necessário".

Barkin reiterou que o Fed não mudará a meta da inflação em 2% até alcançá-la, para garantir a estabilidade de preços e a credibilidade do banco central. "Podemos reconsiderar depois disso, mas vale lembrar que esta não é uma meta nova e, em geral, o nível ideal da inflação global também está em torno de 2%", pontuou.

<b>Setor bancário</b>

O presidente do Federal Reserve de Richmond reconheceu que o setor imobiliário comercial é um risco, mas ponderou que este já é um ponto no radar dos bancos, ao ser questionado no evento do Clube Econômico de Nova York. Barkin revelou que alguns de seus contatos demonstraram algumas dificuldades em relação a quedas em depósitos e margens de lucro. "O setor imobiliário comercial expande estes riscos, particularmente devido à exposição de escritórios. Outras partes têm se saído bem, mas escritórios seguem com taxas elevadas de desocupação", apontou.

O dirigente ponderou que, apesar disso, o sistema bancário segue resiliente de modo geral, considerando os resultados dos testes de estresse do banco central.

"Contudo, vale lembrar que participam dos testes os bancos com grandes volumes de capital. Para além disso, nunca sabemos com certeza absoluta quais bancos estão expostos aos riscos ou não", alertou Barkin.

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