Temores renovados de recessão e risco político empurram Ibovespa para baixo

Nem mesmo a alta do petróleo impede o Ibovespa de registrar queda nesta sexta-feira, 3, movimento que ganhou ainda mais força após o início do pregão em queda em Nova York. A intensificação dos sinais de recessão, seja internamente seja no exterior, preocupa o mercado. Há pouco foi divulgado o índice de serviços do Brasil, relativo a março, que caiu a 34,5, depois de 50,4 em fevereiro, conforme a IHS Markit. O Composto do Brasil caiu para 37,6 pontos em março, de 50,9 em fevereiro, no menor nível desde o início da pesquisa no País, em março de 2007. Já nos Estados Unidos, mais cedo, houve o fechamento de 701 mil postos de trabalho, ante previsão de -100 mil.

"Surpreendeu, mas vale lembrar que nem todo o mês de março estava com toda essa desaceleração mercado de trabalho. A taxa de desemprego até ficou menos. Mas, no geral, isso aponta que os próximos dados virão péssimos, indicando cenário recessivo", afirma o estrategista-chefe do Grupo Latus, Jefferson Laatus. "O corte foi grande, mas de certa forma é amenizado pela valorização do petróleo", acrescenta. Também houve aumento no salário médio por hora, de 0,39% no terceiro mês ao ano, ante expectativa de 0,20%, nos EUA.

"A situação nos EUA é bem difícil, o dado já mostra que o efeito do coronavírus começa a se materializar, como tem retratado outros indicadores do mercado de trabalho do país aumento semanal recorde nos pedidos de auxílio-desemprego. Isso reforça que as medidas de liquidez do Fed fazem sentido", avalia, Ilan Abertman, analista da Ativa Investimentos. Às 9h45, o Ibovespa futuro caia 0,34% (71.995 pontos), após ceder mais de 1%.

Além dos temores de recessão, o ruído político segue no radar do investidor local, e também pesa. Nesta manhã, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez defesa firme do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, duramente criticado por seu trabalho pelo presidente Jair Bolsonaro. Também criticou aqueles que são contrários ao isolamento social.

Conforme Maia, "ser palpiteiro de crise que pode gerar morte não me parece responsável". Ele participou de teleconferência promovida pelo jornal <i>Valor Econômico</i>, com o economista-chefe do Banco Itaú, Mario Mesquita. De acordo com Maia, os presidentes da Fiesp e da CNI não têm condições de avaliar isolamento vertical e horizontal.

Perto de 11h30, o Ibovespa seguiu ladeira abaixo, beirando perde os 69 mil pontos.

A intensificação das perdas coincide com a piora das bolsas em Nova York, que acentuaram as perdas. Ainda assim, o recuo por lá é bem menos intenso do que na B3, com recuo máximo de 1,12%. O avanço da queda do Ibovespa também ocorre após pesquisa de abril da XP mostra que 42% da população avalia o governo do presidente Jair Bolsonaro como ruim ou péssimo, ante 36% em março.

A reprovação de Bolsonaro é a maior da série histórica do levantamento.

Às 11h27, o Ibovespa perdia 3,30%, aos 69.871,60 pontos.

"Parece que a ficha no mercado quanto a essa instabilidade política está caindo", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

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