Estadão

Ibovespa sobe 0,62% com Nova York, em dia de força para blue chips

Com apoio das ações de maior peso no índice – Vale (ON +1,37%), Petrobras (ON +1,72%, PN +2,20%, ambas na máxima do dia no fechamento) e de alguns grandes bancos (Itaú PN +1,10%, Bradesco PN +0,73%) -, o Ibovespa subiu 0,62%, aos 128.890,23 pontos. Embora com menos força em direção ao encerramento, inverteu a situação das duas sessões anteriores, ao fechar hoje no positivo e um pouco mais perto da máxima (129.323,12) do que da mínima (128.098,95) do dia. O giro financeiro subiu nesta quarta-feira para R$ 25,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa segue no negativo (-0,22%) e também no mês (-0,10%) – no ano, cai 3,95%.

Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para Pão de Açúcar (+6,96%), Carrefour (+4,22%) e RaiaDrogasil (+2,52%, após balanço trimestral). No lado oposto, Casas Bahia (-14,14%), PetroRecôncavo (-6,91%), com resultado do quarto trimestre abaixo do esperado, e JBS (-5,46%). Em Nova York, os ganhos foram de 0,20% (Dow Jones), 0,51% (S&P 500) e 0,58% (Nasdaq), também mais acomodados perto do fechamento.

"A Bolsa brasileira operou no campo positivo ao longo da sessão, mas segue ainda perto do zero a zero na semana. No noticiário corporativo, a Azul negou haver intenção de compra da Gol, ao contrário do que antecipava o mercado", diz Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos. Assim, após ganho perto de 4% ontem, com a notícia de que a empresa poderia fazer oferta por parte ou pela integralidade da concorrente Gol, a ação da Azul fechou hoje em baixa de 0,40%.

Integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) veem eventual operação de compra da Gol pela Azul como complexa, o que, possivelmente, exigiria a aplicação de restrições pelo órgão antitruste. Membros do Cade ouvidos reservadamente pelo <b>Broadcast</b> disseram que eventual aquisição seria delicada por envolver um mercado já muito concentrado. Nesse contexto, a aplicação de condicionantes a eventual compra, em especial em relação aos slots , surge como provável, reporta de Brasília a jornalista Amanda Pupo.

Por outro lado, há avaliações de que os negócios das duas companhias são mais complementares do que sobrepostos, característica que ajudaria eventual análise da operação no Cade, sem que o ato apareça como "grande problema" ao órgão.

No cenário macro, em dia de audiência do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Congresso americano – com declarações em geral dentro do esperado, de que a inflação dá sinais de moderação, mas que o BC dos EUA continua data dependent dependente dos dados econômicos na deliberação sobre a política monetária -, a presidente da distrital do Fed em São Francisco, Mary Daly, disse hoje que ainda é cedo para declarar vitória.

"Estamos em um momento muito difícil para calibrar juros. Há o risco de cortar prematuramente e reacelerar a inflação. Mas se demorarmos demais, podemos criar impacto indesejado na economia, como enfraquecimento do mercado de trabalho", ponderou a dirigente, durante sessão de perguntas e respostas em evento.

"O mercado veio mais forte hoje, especialmente depois de dados sobre o emprego americano, da ADP, e da divulgação da fala do Powell. A correlação de hoje foi de juros em queda e índices de ações em alta, com o dólar em baixa também frente ao real. Powell manteve a porta aberta para corte de juros ainda este ano, e o mercado segue projetando que isso venha a acontecer em junho", diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Uma rolagem dessa expectativa de mercado, para além de junho, poderia resultar em aversão a risco – o que não se materializou a partir das indicações dadas hoje por Powell, observa Mota. "De forma geral, ativos muito sensíveis a juros foram bem hoje, com ganhos que chegaram a superar 3% em alguns casos, durante a sessão", acrescenta o operador, chamando atenção para certos nomes associados ao ciclo doméstico, entre os quais Yduqs (+2,31%).

"A fala do Powell não trouxe surpresas negativas e, com isso, o mercado continua esperando pelo início da queda de juros a partir de junho. Os rendimentos dos Treasuries de 10 anos referência do mercado considerada livre de risco tiveram queda, hoje, principal motivo a puxar a Bolsa aqui, em sessão em que os mercados andaram de forma muito parecida", diz Apolo Duarte, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital.

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