Estadão

Goldfajn defende pragmatismo em mudanças na governança global em entrevista ao site G20 Brasil

Em entrevista concedida ao site do G20 Brasil, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, destacou que seu mandato à frente da instituição e dos bancos multilaterais e regionais de desenvolvimento está em consonância com a presidência do G20 pelo Brasil de criar consensos para avançar em questões como a mudança da governança global. Goldfajn defendeu ainda o pragmatismo para se trabalhar em temas que têm o acordo de todos os países, como o combate às desigualdades e imposto internacional, entre outros.

"Uma boa mensagem é: vamos tentar trabalhar pragmaticamente focando nas pessoas de cada país, nos mais vulneráveis, tentando, juntos, cuidar deles", disse ele, lembrando em seguida que o encontro de ministros de Finanças do G20 que ocorreu em São Paulo obteve consenso em várias das discussões propostas, mas encerrou sem um comunicado conjunto por causa de tensões geopolíticas.

<b>Mudanças</b>

No que se refere ao BID, Goldfajn citou que, em março, os 48 países que integram a instituição aprovaram a nova Estratégia Institucional do Banco de Desenvolvimento, que vai focar sua atuação no impacto. Uma mudança única em 65 anos de instituição. "Só emprestar dinheiro não basta. É preciso mensurar o impacto dos projetos na vida das pessoas", disse.

Os países participantes do BID também aprovaram um aumento de capital de US$ 3,5 bilhões para o BID Invest – o braço do banco para empréstimos a empresas privadas – além de um aumento de US$ 400 milhões para o BID Lab – o braço de inovação. "Essas mudanças ampliarão significativamente nossa capacidade de apoiar a América Latina e o Caribe para lidar com seus desafios e destravar seu potencial", afirmou.

Goldfajn chamou atenção ainda para uma correta governança na administração dos recursos emprestados aos países. "Precisamos mudar primeiro a mentalidade, não estar focado só no quanto está disponível, mas em todo o ciclo do projeto", apontou, ao destacar que as instituições financeiras falam pouco em número de pessoas impactadas. "É um conjunto de medidas: efetividade, impacto, olhar o resultado, trazer mais dinheiro", disse acrescentando que a agenda é grande e há dificuldade em priorizar ações.

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