A pressão sobre Israel aumentou nesta terça-feira, 9, após a França ameaçar sanções e a Turquia declarar a suspensão de exportações de vários produtos ao país. Na semana passada, o presidente dos EUA, Joe Biden, havia pedido uma mudança na abordagem israelense no conflito.
O chanceler da França, Stéphane Séjourné, sinalizou que Paris poderia punir Israel para forçar o país a permitir a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza. "Sanções permitiriam que a ajuda humanitária atravesse os postos de controle", disse Séjourné, lembrando que foi a França o primeiro país da União Europeia a propor sanções aos colonos israelenses na Cisjordânia.
A preocupação da França é com a ameaça de fome generalizada. De acordo com relatório da ONU, o número de desnutridos quase duplicou desde dezembro em Gaza. Israel afirma que não está bloqueando a entrada de ajuda humanitária e culpa as ONGs e Hamas por falta de organização.
<b>Negociação</b>
Já ao governo turco saiu do campo da retórica e restringiu as exportação de produtos israelenses de 54 categorias diferentes até que um cessar-fogo seja declarado em Gaza. Segundo o Ministério do Comércio da Turquia, as restrições incluem ferro, aço e equipamentos de construção. A Turquia exportou para Israel US$ 5,4 bilhões em 2023, 2,1% de suas exportações totais.
O anúncio ocorre após Israel negar o pedido turco para enviar ajuda humanitária para o enclave palestino pela via aérea. Diversos países do Ocidente como EUA, França e Espanha já fazem isso desde o mês passado. Israel respondeu, dizendo que vai boicotar produtos turcos e pedir aos EUA que façam o mesmo.
Enquanto isso, as negociações para um cessar-fogo continuam no Cairo. O Hamas informou ontem que está examinando uma proposta de trégua de várias semanas na Faixa de Gaza e a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, apesar da rejeição de algumas de suas exigências.
Após seis meses de conflito, os mediadores de Catar, Egito e EUA apresentaram uma proposta de trégua temporária em três etapas. A primeira contempla um cessar-fogo de seis semanas para permitir a troca de reféns em poder do Hamas por prisioneiros palestinos em Israel. "Estamos estudando a proposta", afirmou o Hamas, em comunicado.
<b>Acordo</b>
A trégua seria de seis semanas e os reféns libertados seriam mulheres e crianças israelenses em pode do Hamas, em troca de até 900 prisioneiros palestinos. O acordo permitiria ainda o retorno dos civis deslocados ao norte de Gaza e a entrada de 500 caminhões de ajuda por dia no território.
No fim de semana passado, quando a guerra completou seis meses, Israel anunciou que retirou suas forças da cidade de Khan Yunis, para permitir o descanso dos soldados e preparar a próxima fase da guerra, que inclui uma incursão na cidade de Rafah.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que uma data já foi estabelecida para o ataque a Rafah, onde 1,5 milhão de palestinos, a maioria deslocados pela guerra, estão aglomerados. Potências estrangeiras e organizações humanitárias pedem que Israel desista da operação, pois temem um grande número de civis mortos.
Netanyahu e seus comandantes militares, no entanto, insistem que o local é o último reduto do Hamas na Faixa de Gaza e uma ofensiva é necessária para completar a vitória contra o grupo.
A guerra começou no dia 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 240. Após o ataque, o Exército israelense iniciou uma operação com bombardeios aéreos e invasão que deixou mais de 33 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>