O desembargador Carlos Eduardo Contar tomou posse como presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) na última sexta, 22, e em seu discurso defendeu que servidores públicos retornem ao trabalho, pondo fim à esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre. O magistrado ainda defendeu o desprezo ao picareta da ocasião que afirma fiquem em casa" – em referência àqueles que defende o isolamento social em meio a pandemia do novo coronavírus.
"Voltemos nossas forças ao retorno ao trabalho, deixemos de viver conduzidos como rebanho para o matadouro daqueles que veneram a morte, que propagandeiam o quanto pior melhor, desprezemos pois o irresponsável, o covarde e picareta da ocasião que afirma "fiquem em casa", "não procurem socorro médico com sintomas leves", "não sobrecarreguem o sistema de saúde"", registrou o desembargador em seu discurso.
Em seguida o novo presidente do TJ-MS completou: "Mostremos nós trabalhadores do serviço público responsabilidade com os deveres e obrigações com aqueles que representamos, e por isto mesmo, retornemos com segurança, pondo fim à esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre, honrando nossos salários e nossas obrigações, assim como fazem os trabalhadores da iniciativa privada, que precisam laborar para sobreviver e não vivem às custas da viúva estatal com salários garantidos no fim de cada mês".
O discurso de Contar se deu em solenidade realizada no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, ocalizado em Campo Grande, capital do Estado. Como mostrou o <b>Estadão</b>, a corte esperava que cerca de 300 pessoas comparecessem o local. O evento ainda foi transmitido ao vivo na página do tribunal no YouTube.
A indicações relacionadas à pandemia da covid-19 se deram no final do pronunciamento do desembargador, seu momento de falar sem ser interrompido. O magistrado disse que aquela era a hora de combater a histeria coletiva e então reagiu ao combate leviano e indiscriminado a medicamentos que, nas palavras de Contar, se não curam, e isto jamais fora dito podem, simplesmente no campo da possibilidade, ajudar na prevenção ou diminuição do contágio, mesmo não sendo solução perfeita e acabada.
A passagem faz referência ao tratamento precoce defendido pelo governo Bolsonaro, com a prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da infecção causada pelo novo coronavírus, entre eles a cloroquina e hidroxicloroquina. Como mostrou a repórter Paula Felix, o uso de remédios sem comprovação científica contra a covid-19 preocupa especialistas, que veem risco de reações adversas, resistência bacteriana (com o surgimento de doenças como "supergonorreia") e efeitos desconhecidos em longo prazo.