Estadão

Para dirigente do BCE, se não ocorrer algum grande choque, haverá corte de juro em junho

Dirigente do Banco Central Europeu (BCE), François Villeroy de Galhau afirmou nesta terça-feira, 16, que, caso não ocorra algum "grande choque" na economia da zona do euro, deve se confirmado corte de juros pelo BCE em sua reunião de junho. Em evento no Clube Econômico de Nova York, ele ponderou, porém, que poderia haver "ajuste na postura", a depender dos efeitos do quadro geopolítico no núcleo da inflação.

O também presidente do BC da França avaliou que há diferenças importantes nas causas da inflação nos Estados Unidos e na zona do euro. Nesse contexto, reafirmou declaração anterior do BCE de que esta é uma instituição "dependente de dados, não do Fed".

Além de realizar discurso, Villeroy de Galhau debateu com o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, John Williams. Williams em grande medida se limitou a fazer questões, mas comentou em um momento da conversa que o crescimento potencial dos Estados Unidos "está em cerca de 2%".

Villeroy de Galhau previu cortes de juros na zona do euro "neste ano e no próximo", reafirmando que a instituição reagirá aos dados. Ele também disse que o BCE monitora "de perto" as tensões no Oriente Médio e seus potenciais efeitos na energia.

O dirigente do BCE considera que, mesmo com cortes nos juros, a política monetária seguirá em "território restritivo por um tempo". E também reafirmou a previsão de que a meta de 2% de inflação será atingida até o próximo ano. Ao mesmo tempo, previu que haveria idas e vindas nesse processo de desaceleração. Além disso, comentou que não vê motivo para a inflação de serviços não melhorar também, como já ocorreu com a ligada a bens.

Villeroy de Galhau afirmou também que, na sua avaliação, o sistema financeiro atualmente é bem mais seguro que anos atrás. Ele defendeu que se implemente totalmente as normas de Basileia III, para reforçar esse panorama no setor. E também mencionou criptoativos.

O dirigente disse que alguns no BCE gostariam de proibir essa alternativa, mas ele acrescentou que não concorda, pois as pessoas devem ter liberdade para escolher seus investimentos. Ele, de qualquer modo, enfatizou a importância de se monitorar eventuais riscos derivados desse mercado e de regulá-lo e enfrentar essas potenciais ameaças.

<b>China</b>

François Villeroy de Galhau afirmou ainda que o crescimento chinês "é uma incógnita" e "tem sido desapontador" desde o fim da covid-19. Ele disse que a "agressividade excessiva" dos chineses em suas exportações se mostra como um desafio.

O dirigente afirmou que esse comportamento de Pequim traz riscos negativos, inclusive para a própria China.

Ele citou como exemplo a postura do país no setor de veículos elétricos e na energia eólica. E mencionou o protecionismo como "um inimigo comum" dos países em geral, ao defender decisões multilaterais e cooperativas como "ainda as melhores".

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