Estadão

Ibovespa mira recuperação após 6 pregões de queda, com commodities e NY

O Ibovespa sobe nesta quinta-feira, 18, tentando reaver parte das quedas recentes – fechou em baixa por seis pregões seguidos. Ontem, caiu 0,17%, aos 124.171,15 pontos.

A busca de uma recuperação ocorre em meio à agenda esvaziada de indicadores. Assim, os investidores ficam concentrados em discursos previstos para hoje de dirigentes dos bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa, além do Brasil.

Há pouco, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, John Williams, disse que "eventualmente, os juros precisarão ser cortados, mas o momento será guiado pela economia."

Segundo Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, o cenário em relação aos juros americanos não mudou desde a divulgação do CPI, o índice de preços ao consumidor dos EUA, neste mês, que veio forte. "E hoje a agenda está esvaziada, então sugere um dia um pouco mais tranquilo", estima.

Nesta quinta, o presidente Roberto Campos Neto voltará a se pronunciar em entrevista do G20 em Washington. As palavras do presidente serão acompanhadas com afinco, dado que ontem ele sugeriu que há chance de uma taxa Selic terminal mais elevada. Campos Neto disse que as dúvidas externas podem levar a uma taxa de juros maior nos Estados Unidos, trazendo "muitas consequências" para o Brasil.

Na ocasião, o Ibovespa fechou em baixa de 0,17%, aos 124.171,15 pontos.

A leitura de especialistas é de que o BC abandonou a sinalização, o chamado forward guidance, sugerindo uma redução do ritmo de queda da Selic de 0,50 ponto para 0,25 ponto porcentual no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Apesar das declarações de Campos Neto, que refletem um cenário externo mais adverso e um fiscal no Brasil com mais ruído, Ashikawa diz que a Claritas ainda está reavaliando a projeção para a Selic. "O BC deve continuar reavaliando os dados, mas uma queda de meio ponto não parece ser mais algo concreto, e a depender dos riscos, a Selic terminal poderá ser maior", avalia.

A elevação é puxada pelas ações de primeira linha, sobretudo Vale e Petrobras. No caso da mineradora, o avanço reflete a valorização de cerca de 3,00% do minério de ferro em Dalian, na China.

Quanto aos papéis da estatal, há grande expectativa no mercado em relação à reunião do Conselho de Administração da Petrobras, em meio à restrição recentemente dos dividendos extraordinários pela empresa. "Todo mundo acredita que amanhã sairá essa questão dos dividendos", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

Há instantes, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que os dividendos da Petrobras só podem ser utilizados como dividendos.

Além do minério de ferro, Bruna Centeno, sócia e especialista da Blue3 Investimentos, cita que a elevação do Índice Bovespa sugere ser mais um ajuste, um movimento de mais de fluxo, especulativo, após o fechamento em queda por seis pregões seguidos.

Na avaliação da sócia da Blue3, há um clima desfavorável, em meio às recentes afirmações do presidente do Banco Central brasileiro, ontem, nos EUA, em viagem a eventos do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Isso gera uma tendência mais pessimista, dado que o BC pode mudar seu o cenário-base da Selic. E isso soma à incerteza com o cumprimento da meta fiscal no Brasil e às duvidas após o confronto entre Irã e Israel", completa Bruna.

Após abrir em queda de 0,01%, aos 124.170,67 pontos, o Ibovespa acelerou o ritmo de alta para a faixa dos 125 mil pontos. Às 11h30, subia 0,74%, aos 125.085,10 pontos, com Petrobrás avançando entre 1,78% (PN) e 1,65% (ON). Vale ON subia 0,71%.

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