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COB anuncia Joel Jota como mentor para Paris e atletas acusam coach de mentir sobre carreira

O anúncio de Joel Jota como "mentor" do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para os Jogos Olímpicos de Paris-2024 causou polêmica no meio esportivo. O ex-nadador atua como "treinador de alta performance", segundo ele próprio, e se intitula "o maior especialista em desempenho no Brasil". Por sua vez, atletas acusam o coach de mentir sobre sua carreira. O <b>Estadão</b> entrou em contato com o COB e com o empresário, mas não obteve retorno.

Joel foi atleta profissional por 15 anos e disputou competições de alcance mundial, como a etapa da Copa do Mundo de Durban, na África do Sul, em 2005, quando terminou em sétimo na final dos 50 metros livre. Na natação, Copa do Mundo e Mundial não são equivalentes. A primeira é disputada em etapas ao longo do ano e não tem o mesmo status dos Mundiais, realizados a cada dois anos.

Até quarta-feira, dia 17, constava no site de Jota um trecho em que dizia ter sido "considerado um dos nadadores mais rápidos do mundo". A afirmação foi removida nesta quinta. "Nem eu quando fui finalista olímpica tinha essa autoestima", criticou a ex-nadadora Joanna Maranhão na rede social X (antigo Twitter) – ela foi finalista olímpica em Atenas-2004 no 400m medley.

Em seu site, Jota afirma ter integrado a seleção brasileira de natação e ser campeão brasileiro. A informação também foi contestada por Joanna. "Entrei na seleção brasileira absoluta em 2002 e parei de nadar em 2017. Joel nunca esteve na equipe principal. A esposa dele (a também ex-nadadora Larissa Cieslak) esteve no Pan-Americano de 2007, 2011 e salvo engano algum Pan-Pacífico. Nenhum dos dois chegou perto de índice para Jogos Olímpicos", escreveu.

Joanna, no entanto, fez um adendo. "Repito: isso não é um problema. O problema está na mentira. Não existe problema algum em não ter chegado à seleção ou não ser atleta de ponta. A questão aqui é que esse cidadão vende o que não foi. E vou além, ele não é psicólogo", disse a ex-nadadora profissional.

Bruno Fratus, medalha de bronze nos Jogos de Tóquio nos 50 metros livre, também criticou a escolha de Jota como mentor do Time Brasil. "Jamais… e eu repito: JAMAIS se venda em troca de likes e engajamento. Tudo tem limite, inclusive marketing", escreveu o atleta, em post nas redes sociais.

QUEM É JOEL JOTA?
Jota se tornou mais conhecido como influenciador digital, acumulando mais de 5 milhões de seguidores no Instagram. Ele começou a atuar como coach esportivo em 2013 e já ministrou cursos para o pai de Neymar, o que o levou a ser coordenador do Instituto Neymar Jr entre 2014 e 2021.

O novo mentor do Time Brasil promove palestras e eventos e vende cursos e mentorias que prometem "elevar a produtividade de equipes" e "injeção de motivação e estratégias de alta performance para todos". Nenhum detalhe sobre as atividades é descrito no site. Ele também é autor de seis livros que abordam esses mesmos temas.

No meio do futebol, Joel Jota também atuou com o atacante Rodrygo, do Real Madrid e da seleção brasileira, com "treinamentos mentais" em 2022. Antes, ele trabalhou com o ex-jogador Gilberto Silva. No ano passado, o Santos contou com palestras de Jota para incentivar o elenco que vivia má fase e tentava fugir do rebaixamento.

Jota comemorou o anúncio do COB e publicou um vídeo nas redes sociais. Ele reiterou o lema "o trabalho devolve" e disse que ir a uma Olimpíada é um sonho de 30 anos. Embora tenha sido muito criticado, teve quem comemorou o novo mentor. "Sensacional", escreveu a ponta da seleção brasileira de vôlei Gabi Guimarães, medalhista de prata em Tóquio. Pepe Gonçalves, do remo, e Virna, ex-jogadora de vôlei, também parabenizaram Jota.

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