A confirmação de que a Petrobras fará a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários que haviam sido retidos em março garantiu alta acima de 2% para as ações da estatal nesta primeira sessão da semana, carregando para cima o Ibovespa, que chegou nesta segunda-feira, 22, ao terceiro ganho seguido. No mês, o índice da B3 limita as perdas a 1,98% e, no ano, a 6,42%.
Entre mínima de 124.633,03 e máxima de 126.081,14 nesta segunda-feira, subiu nesta segunda-feira 0,36%, a 125.573,16 pontos, no maior nível de fechamento desde o último dia 12, então perto de 126 mil.
O giro ficou em R$ 21,3 bilhões, antes da agenda de dados ganhar dinamismo na semana – com novas leituras de inflação nos EUA e no Brasil -, bem como a de balanços, com destaque para Vale, aqui, e para as gigantes de tecnologia em Nova York, como Alphabet, Microsoft e Meta – começando na terça-feira por Tesla, após o fechamento dos negócios nos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, o Bradesco BBI elevou a recomendação da Petrobras, de neutra para outperform (equivalente a compra), após o conselho de administração decidir que a empresa tem condições de pagar 50% das reservas em dividendos extraordinários (US$ 4,3 bilhões). A visão mais positiva do BBI considera também um ambiente melhor do que o esperado, com apoio do preço do petróleo Brent – que nesta segunda-feira fechou em leve baixa, na casa de US$ 87 por barril, em Londres, ante a relativa descompressão da tensão geopolítica no Oriente Médio.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou nesta tarde que haverá normalização da distribuição de dividendos para os próximos balanços. Segundo o executivo, a decisão de reter os proventos tomada em março foi a primeira de um novo mecanismo que a estatal está implementando com o objetivo de estabilizar a remuneração dos acionistas, reporta o jornalista Jorge Barbosa, do <i>Broadcast</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Na sessão, Petrobras ON avançou 2,43% e a PN, 2,39%, em dia levemente negativo para Vale (ON -0,05%) e, em grau maior, para os grandes bancos no fechamento (Itaú PN -0,06%, BB ON -1,15%, Bradesco PN -0,44%, Santander Unit -0,45%). Na ponta ganhadora, destaque ainda para Petz (+11,25%), estendendo os fortes ganhos da sexta-feira após o memorando de entendimento para fusão com a Cobasi, à frente nesta segunda-feira de CVC (+10,94%) e de Raízen (+3,31%). No lado oposto, PetroReconcavo (-2,84%), Klabin (-2,15%), Sabesp (-2,01%) e CSN Mineração (-1,89%).
"A alta do Ibovespa hoje teve um fator principal, o avanço de mais de 2% em Petrobras. No fim da sexta-feira, veio a confirmação de que a empresa pagaria 50% dos dividendos extraordinários, e já houve reação muito positiva no pós-mercado então. E hoje se viu a continuação desse movimento, com notícia muito bem-recebida pelos investidores, com efeito para o Ibovespa", diz Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, acrescentando que a fusão entre Petz e Cobasi também trouxe fluxo e puxou o setor de varejo, na Bolsa.
No quadro mais amplo, "a curva de juros que, devido a pressões externas e riscos fiscais, na semana passada reduziu a maior parte dos cortes anteriormente precificados, poderá ser afetada pelos dados do IPCA-15 desta semana", aponta em nota a Guide Investimentos, observando que "os investidores continuam vigilantes quanto ao risco de novas medidas que possam elevar os gastos públicos".
Ainda assim, "os mercados iniciaram a semana em tom positivo, de recuperação, com agenda que traz o PIB dos Estados Unidos, além de dados de inflação por lá e aqui, bem como indicadores da Europa. Atenção também para diversos balanços, com destaque, no Brasil, para os números da Vale, na quarta-feira – com a temporada brasileira sendo iniciada amanhã, com Usiminas", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, destacando alguma recuperação nas ações do setor de siderurgia nesta abertura de semana (Gerdau PN +2,08%, Usiminas PNA +2,32%, CSN ON +0,68%), com viés um pouco mais favorável sobre a demanda chinesa.
"Entre ganhos e perdas, as ações da Vale mostraram volatilidade hoje, às vésperas da divulgação do resultado do primeiro trimestre, com foco ainda no impacto de Brumadinho, considerado incerto pela própria empresa", diz Leticia Cosenza, sócia da Blue3 Investimentos, mencionando também o fechamento dos vértices mais curtos na curva de juros doméstica, e o prosseguimento da abertura nos vértices mais longos, com o foco do mercado colocado ainda sobre o desempenho e a perspectiva para a condução fiscal, após a revisão das metas oficiais para 2025 e 2026, no início da semana passada.
Nesse contexto, o JPMorgan elevou nesta segunda de 9,5% para 10% a projeção de Selic terminal no atual ciclo. O banco americano vê como próximos passos dos juros básicos no Brasil três cortes sequenciais de 25 pontos-base, nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio, junho e julho. O JPMorgan citou, em relatório, a mudança da meta primária de 2025 e a reprecificação global dos juros como razões que o levaram à alteração da projeção de Selic, reporta o jornalista Mateus Fagundes, do <i>Broadcast</i>.