A Casas Bahia apresentou prejuízo de R$ 261 milhões no primeiro trimestre de 2024, uma melhora de 12,2% frente ao mesmo período de 2023. O resultado veio mesmo com uma queda de Ebitda ajustado de 42,6%, que ficou em R$ 387 milhões, e uma diminuição de receita líquida de 13,7%, batendo em R$ 6,3 bilhões.
Na estratégia da companhia, a queda de receitas já estava prevista. Em seu plano de recuperação de resultados, Casas Bahia já havia dito que voltaria ao básico, ou seja, às categorias de bens duráveis nas quais é especialista, saindo de produtos de baixo valor agregado que traziam custos de estoque, sem contribuir com boas margens para a companhia.
Com a nova estratégia em curso, a margem bruta da companhia ficou em 30%, uma queda de 1,5 ponto porcentual (p.p.), frente ao mesmo período de 2023, mas com alta na comparação com os 27% do trimestre imediatamente anterior.
Contribuiu também para a queda nas vendas, o cenário macroeconômico ainda desafiador para bens duráveis, com taxas de juros que seguem em patamar alto e famílias endividadas.
O chefe de estratégia, cadeia de suprimentos e Relações com Investidores da companhia, Sergio Leme, explicou ao <b>Broadcast</b> que o ciclo de troca de equipamentos de linha branca tem mostrado uma tendência mais positiva, enquanto nas linhas de móveis a curva parece começar a sair do negativo agora. Já na venda de celulares, ainda não há melhora clara pela frente.
No período, a varejista também buscou reduzir as despesas gerais, com vendas e administrativas que caíram 7,5% e ficaram em R$ 1,7 bilhão. Só em despesas com pessoal, houve queda de 15%.
Ainda assim, devido a ganhos não recorrentes registrados no primeiro trimestre de 2023, a companhia viu o Ebitda dos primeiros três meses de 2024 cair consideravelmente, em 43%.
Em entrevista ao <b>Broadcast</b>, o CFO Elcio Mitsuhiro Ito, disse que não fosse o resultado mais alto que o normal de um ano atrás, os indicadores estariam mais equilibrados.
O resultado financeiro da companhia, por sua vez, teve melhora de 41% e ficou negativo em R$ 486 milhões. Ito explica que a melhora se deu, principalmente, pelo reconhecimento de questões fiscais ligados à tese do século, que trata da exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da base de cálculo do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
Essa linha beneficiou o prejuízo líquido da companhia, que veio menor do que há um ano. Na visão da empresa, uma das melhores formas de mostrar os avanços de seu plano de virada é a diminuição do fluxo de caixa livre negativo. No trimestre, ele foi de -R$ 176 milhões, frente a -R$ 644 milhões um ano antes.
Os efeitos da Recuperação extrajudicial pela qual a companhia passa ainda não aparecem nessa divulgação de resultados. Segundo a gestão, eles ficarão visíveis nos próximos trimestres, especialmente em virtude de mais capital de giro disponível para a companhia.