O aumento do nível da água do Lago Guaíba, no Rio Grande do Sul, em conjunto com fortes ventanias, criaram ondas em diferentes pontos da orla em Porto Alegre. A situação da enchente piora sobretudo em bairros ao sul da capital gaúcha, o que levou a mais uma evacuação na segunda-feira, 13.
Diferentemente do centro da cidade, que é protegido por um sistema de diques, a região está diretamente exposta à cheia do Guaíba. De acordo com a agência MetSul, o fenômeno se intensificou com o represamento das águas ao norte da Lagoa dos Patos, motivado pelo vento do quadrante sul, juntamente com a chegada da vazão do Rio Taquari. O resultado foi a rápida elevação do nível do lago desde a madrugada de segunda.
O bairro Lami, na zona sul, foi um dos mais atingidos, e moradores tiveram que deixar suas casas às pressas, enfrentando fortes ondas até chegarem a local seguro.
Na terça-feira, o nível do Guaíba continuou subindo, mas em menor velocidade. Às 12h, o sistema de monitoramento da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) indicava nível de 5,19 metros.
Imagens divulgadas em redes sociais mostram a força com que as águas invadiram a cidade. Um dos vídeos mostra uma boia de navegação que foi parar ao lado das quadras esportivas da orla. Em outra gravação é possível observar brinquedos e equipamentos de ginástica submersos pelas que chegam até o calçamento.
Como grande parte do Rio Grande do Sul, a capital está em estado de calamidade. Há desabastecimento parcial de água e energia, escassez de mantimentos em mercados e diversos bloqueios em vias e estradas do entorno.
Segundo a prefeitura, cerca de 157,7 mil pessoas e 39,4 mil edificações foram diretamente afetadas pelas enchentes na cidade. Os bairros mais impactados são Arquipélago, Sarandi, Menino Deus, Farrapos, Humaitá, Cidade Baixa, Floresta, Centro Histórico, Ponta Grossa, São Geraldo, Navegantes e Lami.
Em todo o Estado, segundo a Defesa Civil, ao menos 2,1 milhões de pessoas foram afetadas pelos temporais, que já atingiram 450 dos 497 municípios gaúchos. A contagem de desalojados é de 538 mil, sendo que quase 77 mil pessoas estão sendo acolhidas em abrigos. As chuvas já provocaram 148 mortes e 124 desaparecimentos.