Um helicóptero que transportava o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e seu chanceler caiu neste domingo, 19, em uma parte remota do país, segundo a mídia estatal iraniana, provocando uma operação massiva de busca e resgate do segundo nome mais poderoso na estrutura política da república islâmica. A causa do acidente não foi imediatamente esclarecida.
Drones, cães e equipes de busca e resgate foram usados ontem para tentar localizar o helicóptero sem sucesso, já que a neblina e o mau tempo dificultavam o trabalho, segundo o ministro do Interior, Ahmad Vahidi. A bordo do helicóptero estava também o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, segundo a TV estatal.
O porta-voz do governo iraniano, Ali Bahadori-Jahromi, disse, às 20h (hora local, 13h30 de Brasília), aproximadamente cinco horas após o acidente, que não havia notícias sobre o status dos passageiros, dada a localização remota do local e o clima severo.
O líder supremo da teocracia xiita, Ali Khamenei, falou sobre o incidente pela primeira vez no fim do dia. "Todos devem orar pela saúde desses servidores. O povo do Irã não deve ficar ansioso ou preocupado", declarou, de acordo com a TV estatal. "Nenhuma interrupção ocorrerá nos assuntos do país."
O vice-presidente Mohsen Mansouri e outras autoridades se dirigiram para Tabriz, a maior cidade do noroeste do Irã, que fica a cerca de 160 km de onde o helicóptero aparentemente caiu, relatou a TV estatal. Os ministros iranianos do Petróleo, de Estradas e de Energia também foram para a área de busca. Vahidi estava coordenando as operações de Tabriz.
Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado disse que o governo estava acompanhando de perto as atualizações sobre o que chamou de "um possível pouso forçado" do helicóptero.
Por anos, o Irã teve de contar com aeronaves e equipamentos antigos devido às sanções do Ocidente sobre a venda de aviões e peças de reposição para o país.
A morte ou incapacitação de Raisi ou Abdollahian não deve alterar a posição do país em relação a questões geopolíticas importantes envolvendo o Irã, incluindo preocupações sobre seu programa nuclear e a guerra de Israel na Faixa de Gaza.
Mas uma eventual transição de liderança em meio à atual turbulência no Oriente Médio é um desafio adicional para o Irã gerenciar.
<b>Tensão regional</b>
O acidente acontece em um momento que o país apoia milícias armadas em toda a região, que estão atacando Israel e os aliados dos EUA. Na semana passada, altos funcionários dos EUA e do Irã mantiveram conversas em Omã sobre tensões regionais e o programa nuclear iraniano, de acordo com pessoas familiarizadas com as reuniões.
O acidente acontece também após o Irã atacar diretamente Israel pela primeira vez, lançando cerca de 300 mísseis e drones. A maioria foi interceptada por uma coalizão dos EUA e Israel na região.
Equipes de resgate foram enviadas para as proximidades do local do acidente, que ocorreu na floresta montanhosa de Arasbaran, no extremo noroeste do país, próximo da fronteira do Irã com o Azerbaijão, de acordo com a Sociedade do Crescente Vermelho.
Pir-Hossein Koulivand, chefe do Crescente Vermelho do Irã, disse à TV estatal que 40 equipes de resposta rápida de várias províncias estavam procurando a pé porque a área é muito montanhosa. A TV estatal mostrou imagens da área coberta por uma neblina espessa. Até ontem à noite, as equipes de resgate ainda não haviam chegado ao local do acidente.
O presidente estava viajando para Tabriz após inaugurar a abertura de uma barragem com o líder do Azerbaijão, Ilham Aliyev, na fronteira compartilhada dos dois países.
Um clérigo conservador e por décadas confidente de Khamenei, Raisi tornou-se o oitavo presidente do Irã em agosto de 2021, liderando um governo significativamente mais linha-dura do que seu antecessor, Hassan Rouhani. Houve especulação de que ele poderia ser um candidato a suceder ao líder supremo do país, que tem 85 anos.
As relações do Irã com o Ocidente azedaram sob Raisi, que foi eleito com o menor comparecimento em anos, após uma série de outros concorrentes terem sido excluídos. Sua eleição marcou a consolidação de linhas-duras antiocidentais na república islâmica.
Sob o governo de Raisi, houve também um agravamento da relação do país com o Ocidente, bem como uma repressão severa aos direitos civis em meio aos protestos mais ferozes em décadas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>