Estadão

Após série ruim, Ibovespa inicia semana em leve alta de 0,15%, aos 124,5 mil pontos

Acompanhando o avanço do petróleo na sessão, Petrobras (ON +1,02%, PN +1,09%) foi o destaque quase solitário na B3 em abertura de semana sem a referência de Nova York, onde os mercados estiveram fechados nesta segunda-feira, 27, por conta do feriado do Memorial Day, com reflexo direto para a liquidez na B3. Aqui, apesar da reação positiva da estatal neste início de semana – em que se espera a primeira entrevista coletiva da nova presidente, Magda Chambriard, no período da noite desta segunda -, o Ibovespa se moveu muito pouco, apenas 453 pontos, entre a mínima (124.081,39) e a máxima (124.534,59) da sessão, em que saiu de abertura aos 124.297,47.

Com giro também muito enfraquecido nesta segunda-feira, a R$ 10,3 bilhões, o índice da B3 fechou em leve alta de 0,15%, aos 124.495,68 pontos, praticamente estável ao longo de toda a sessão após uma sequência ruim, de seis perdas diárias que resultaram em retração de 3% para o Ibovespa na semana passada. No mês, faltando ainda três sessões para o encerramento de maio, o índice recua 1,13%, colocando a perda no ano a 7,22%.

Além de Petrobras, entre as principais ações também Banco do Brasil (ON +1,22%) conseguiu iniciar a semana com clareza no positivo – entre os maiores bancos, destaque para Santander, com a Unit em baixa de 1,50% no fechamento, desfavorável também para Itaú (PN -0,35%) e para Bradesco (ON sem variação, PN -0,31%). Vale ON virou em direção ao fim do dia e subiu nesta segunda 0,34%, a R$ 65,30, na máxima da sessão no fechamento, negativo ainda para outros nomes do setor metálico, como Gerdau (PN -1,12%) e CSN (ON -0,45%), em segunda-feira de queda de 1% para os preços do minério de ferro em Dalian, na China, aponta Inácio Alves, analista da Melver.

Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, destaque para CVC (+3,43%), Pão de Açúcar (+2,65%) e Raízen (+2,47%). No lado oposto, Yduqs (-3,96%), Azul (-2,32%) e Transmissão Paulista (-1,56%).

Nesta semana, na agenda de dados dos Estados Unidos, as atenções estarão voltadas à inflação ao consumidor pelo PCE, a métrica preferida do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), aponta em nota a Guide Investimentos. "Enquanto a taxa de inflação desacelerou em abril, estimativas preliminares dos PMIs da S&P Global indicam que as pressões sobre os preços se intensificaram em maio", acrescenta a casa.

Ressaltando a forte saída de recursos estrangeiros da B3 até aqui em 2024, da ordem de R$ 33 bilhões conforme os dados mais recentes, Mateus Haag, analista da Guide, observa em nota que a recente recuperação observada em preços de commodities, como metais e petróleo, pode contribuir positivamente nos próximos meses para o desempenho da Bolsa brasileira – além de ter sido "um fator por trás da melhora do fluxo em maio", acrescenta.

Em maio, até o dia 23, houve entrada de R$ 1,111 bilhão no mês, conforme os dados da B3 referentes aos estrangeiros. "Acreditamos que uma retomada da entrada de investidores estrangeiros no Brasil depende também dos rumos da política monetária nos EUA. Caso a inflação volte a cair nos próximos meses e renove as expectativas de corte de juros, o fluxo deve ser retomado. A queda dos juros na Europa (particularmente zona do euro e Reino Unido) também é importante", acrescenta.

Os próximos dias deverão trazer sinais adicionais sobre a trajetória da política monetária nos principais bancos centrais. Nesta segunda-feira, o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, disse que definir o nível de juros neutro no Japão será um desafio "particularmente" difícil no país, em comparação a bancos centrais de outras economias, graças ao período prolongado de política acomodatícia.

No Brasil, em evento em São Paulo nesta segunda-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o mercado de trabalho doméstico permanece forte sob qualquer ótica, mas que o País tem sido capaz de trabalhar com juros reais menores em diferentes ciclos.

"É difícil imaginar desinflação contínua com pleno emprego, e isso não vale apenas para o Brasil. Apesar dos juros altos, as economias do mundo estão surpreendendo para cima", apontou também Campos Neto no evento, no qual reiterou que a inflação nos Estados Unidos tem sido o fator predominante para a reprecificação dos ativos no mundo todo, com base na expectativa para o momento em que a taxa de juros poderá começar a ser cortada na maior economia do globo – projeções que têm sido jogadas sempre para mais adiante desde o início do ano. "Hoje há a expectativa sobre queda dos juros nos EUA em setembro ou dezembro", disse Campos Neto.

Na Europa, a expectativa é de que a taxa de referência da zona do euro comece a ser cortada antes disso, já na próxima reunião do Banco Central Europeu (BCE), em junho. Assim, para a semana que vem, a expectativa por corte pelo BCE é quase unânime – no entanto, os movimentos seguintes do banco são matéria de incerteza.

No Brasil, o boletim Focus, divulgado pela manhã, trouxe a terceira alta consecutiva nas expectativas de inflação do mercado para 2024, e a quarta seguida nas projeções para 2025, destaca o economista Guilherme Jung, da Alta Vista Research. "E para 2026, que ainda não havia se alterado, também houve aumento desta vez. Há desancoragem parcial nas expectativas, embora ainda não crítica", acrescenta Jung, destacando um "ceticismo maior" do mercado com relação à possibilidade de cortes de juros no plano doméstico.

De certa forma, observa Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, houve nuances positivas na fala de Campos Neto nesta tarde, que contribuíram para reforçar o viés de baixa da curva de juros doméstica observado desde mais cedo. Entre as componentes do Ibovespa, ele destaca a boa performance de Raízen, na ponta do índice nesta segunda-feira. Na sexta-feira, a empresa inaugurou uma nova instalação para a produção de etanol, de segunda geração, em Guariba, em São Paulo, destaca Iarussi. "Um ponto interessante é que 80% dessa produção já está contratada, o que traz um tom mais otimista para a companhia."

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