Faltando menos de quatro meses para as eleições, mais uma disputa entre os grupos do antigo clã da família de Antônio Carlos Magalhães e o grupo liderado pelo PT, que comanda o governo do Estado em 2007, deve movimentar as eleições em Salvador. Enquanto o prefeito Bruno Reis (União), candidato à reeleição, larga com ampla vantagem, caberá ao vice-governador Geraldo Júnior (MDB), tornar-se conhecido e reconhecido como candidato do governador Jerônimo Rodrigues e dos caciques petistas que comandaram o Estado: o senador Jaques Wagner e o ministro Rui Costa.
O levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas e divulgado no dia 4 de junho mostra Bruno Reis, com 64%, bem à frente de seu antigo aliado, Geraldo Júnior (MDB), que aparece com 11% e terá que repetir o crescimento rápido de seus aliados na reta final das últimas disputas estaduais. Kleber Rosa (PSOL) desponta em terceiro lugar, com 3,8%. Já Victor Marinho (PSTU) tem 3,3% das intenções de votos válidos. Eslane Paixão (Unidade Popular) também faz parte da corrida, mas não foi contemplada.
Pesquisa da AtlasIntel divulgada me março mostrava cenário semelhante. No levantamento, o atual prefeito também aparecia com 64,4% da intenção de votos, mas Geraldo Júnior ia um pouco melhor do que na Paraná, alcançando 23%. Rosa permanecia na terceira colocação, com 10,4%. Marinho e Paixão não foram listados nessa pesquisa.
O atual chefe do Executivo municipal mantém uma base de partidos considerável para disputar as eleições municipais deste ano, com 12 siglas até o momento, nas quais os maiores são: União Brasil, PDT, PP, Republicanos, PL, PSDB, Cidadania, Novo, DC e PRD.
Neste cenário de apoio, Reis também reúne sua pré-candidatura à reeleição a um conhecido nome na política baiana e seu padrinho político, Antônio Carlos Magalhães Neto (União), o qual o acompanha há mais de 20 anos, e com quem dividiu a prefeitura de Salvador, entre 2016 e 2020, ao ocupar o cargo de vice-prefeito da cidade. Atualmente, ACM Neto é vice-presidente nacional do União Brasil.
Eleito em 2020, Bruno Reis confirmou o seu favoritismo na capital da Bahia e venceu a Prefeitura da cidade logo no primeiro turno. Ele teve 771.616 votos, percentual de 64,2%. Em segundo ficou Major Denice Santiago (PT), candidata do então governador Rui Costa (PT), que obteve 226.611 votos, ou 18,88%.
Seu principal concorrente deve ser Geraldo Júnior, atual vice-governador da Bahia e ex-presidente da Câmara Municipal de Salvador, durante os anos de 2019 e 2020, que foi reconduzido ao posto em 2021 e 2022.
O emedebista, que já assumiu a Secretaria Municipal de Trabalho, à época, em 2017, do então prefeito ACM Neto, enfrenta agora uma eleição polarizada ao lado do adversário Bruno Reis. Além de antigos aliados, até o rompimento nas eleições de 2022, os dois são protagonistas de uma divisão política entre o governo estadual e a prefeitura de Salvador.
A candidatura de Júnior foi lançada no dia 6 de junho, quando o PT bateu o martelo e indicou a secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), Fabya Reis, para a vaga de vice.
Casada com o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), a vice é próxima do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). A proximidade é fortalecida por Assunção, que representa um papel importante de apoiador do MST dentro do Congresso.
A última eleição municipal competitiva do PT em Salvador foi de Nelson Pelegrino, em 2012, que perdeu a disputa, em segundo turno, com 46,49% dos votos válidos contra 53,51% de ACM Neto.
Na Bahia, o PT, por meio dos governos de Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil, e Jaques Wagner (PT), atual senador, comandou o Estado por quatro mandatos consecutivos. Dando continuidade ao domínio petista, elegeu-se, em 2022, a quinta gestão do PT liderada por Jerônimo Rodrigues (PT).
Com 10 partidos de base, a pré-candidatura de Geraldo Júnior tem o apoio de PT, PCdoB, PV, MDB, Podemos, PSB, PSD, Avante, Solidariedade e Agir. A homologação a pré-candidatura do vice-governador à prefeitura de Salvador não veio sem polêmica entre o os petistas. A corrente "Articulação de Esquerda" tentou barrar a decisão, endereçando ao diretório nacional um pedido de suspensão de apoio à pré-candidatura do emedebista, devido à inclinação política de centro-direita de Júnior em seu eventual mandato ao lado de Jerônimo Rodrigues.
<b>Relevância do apoio de ACM Neto e Lula nas eleições</b>
Para as eleições municipais de 2024, os eleitores de Salvador enxergam com bons olhos os apoios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-prefeito ACM Neto.
Em um cenário de indicação feita por Neto, o Paraná Pesquisas registrou um percentual favorável de 33,9% dos eleitores da capital baiana que declaram que "com certeza votariam" em uma aposta bancada pelo vice-presidente do União Brasil.
Já no caso de Lula, o impacto da indicação do petista é de 32% no eleitorado de Salvador. No entanto, o número de quem "jamais votaria" em um cabo apoiado pelo presidente da República é ainda maior, com rejeição de 35,9%. Na contramão de Lula, surge abaixo ACM Neto, com 24,3% de rejeição de apoio.
<b>Troca de lados</b>
Antigos aliados, Geraldo Júnior e Bruno Reis tornaram-se adversários após a ruptura da aliança de longa data. O rompimento aconteceu durante as eleições gerais de 2022.
À época, com o anúncio da candidatura de Jerônimo Rodrigues ao governo do Estado, o PT buscava recriar uma base com o MDB. Para a legenda de Geraldo Júnior, a princípio, o objetivo era se alinhar à base do atual prefeito de Salvador, Bruno Reis, e indicar Neto como representante da sigla ao governo do Estado.
No entanto, no dia 30 de março de 2022, o nome de Geraldo Júnior foi confirmado como candidato a vice-governador na chapa liderada por Rodrigues. A partir da reviravolta no meio político, o então presidente da Câmara de Vereadores de Salvador passou a fazer oposição ao prefeito Bruno Reis.
A adesão de Júnior ao cargo de vice-governador na base petista foi articulada em 2022 por Wagner e Costa. O mesmo ocorre na candidatura para a Prefeitura de Salvador. A priori, o PT lançaria um candidato da legenda, mas o cenário desfavorável aos petistas na capital baiana levou à desistência de apresentar um candidato próprio.
Veja os pré-candidatos à Prefeitura de Salvador em ordem alfabética:
– Bruno Reis (União Brasil), prefeito de Salvador
– Eslane Silva da Paixão (Unidade Popular), ativista
– Geraldo Júnior (MDB), vice-governador de Salvador
– Kléber Rosa (PSOL), policial civil
– Victor Marzinho (PSTU), bacharel em Direito