A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não chegaram a um acordo sobre como equilibrar a oferta global da commodity, diante do grave efeito do coronavírus para a demanda. A Arábia Saudita não conseguiu persuadir a Rússia a se unir ao plano de cortes maior na produção, em reunião do grupo nesta sexta-feira em Viena, o que pode ser um sinal do fim da colaboração de quatro anos entre a Opep e dez aliados, entre estes a Rússia.
"Hoje é um dia a se lamentar", disse o ministro de Energia saudita, Abdulaziz bin Salman, na reunião, segundo fontes presentes. Já o secretário-geral da Opep, Mohammed Barkindo, afirmou a repórteres após o encontro que houve uma decisão para se manter conversas informais, inclusive ainda hoje, para tentar se chegar a um acordo.
Barkindo informou que há um consenso na Opep sobre um corte de 1,5 milhão de barris por dia (bpd) na produção de petróleo, que valeria a partir do segundo trimestre. Ele disse que a Rússia está comprometida com uma declaração de cooperação entre as partes antes assinada "e quer mantê-la" e que autoridades do país agora farão consultas com companhias produtoras. "Estamos confiantes de que eles voltarão a bordo", disse. "Não vamos tomar decisões unilaterais", afirmou ainda, ao ser questionado sobre uma eventual decisão da Opep se Moscou desistir da iniciativa.
Barkindo afirmou que não é possível saber o quanto o coronavírus afetará o mercado, nem por quanto tempo. "Nós avaliamos se podemos estender o acordo atualmente em vigor, até março de corte na oferta até o fim do ano, em patamar maior", comentou.
O comunicado da Opep diz que os países continuarão a fazer consultas para estabilizar o mercado. O texto não informa, contudo, nenhuma data para uma nova reunião do grupo.