Bolsa fecha em baixa de 4,14% e acumula perda de 5,93% na semana

O Ibovespa sucumbiu a forte correção pela segunda sessão e fechou nesta sexta-feira, 6, em queda de 4,14%, aos 97.996,77 pontos, no menor nível desde 27 de agosto de 2019, quando estava em 97.276,19 pontos naquele encerramento. Foi também a primeira vez desde 8 de outubro que o Ibovespa fechou abaixo de 100.000 pontos – na ocasião, encerrou aos 99.981,40 pontos. As perdas nesta primeira semana de março ficaram em 5,93%, após queda de 8,37% ao longo da semana anterior, que havia sido a pior desde agosto de 2011. Agora, no ano, o principal índice da B3 cede 15,26%. Na mínima do dia, o Ibovespa chegou a ficar abaixo de 97 mil pontos, em queda superior a 5% que o colocava a 96.885,83 pontos.

Apenas nove ações do Ibovespa conseguiram sustentar alta nesta sexta-feira, parte das quais entre as mais pressionadas nas últimas sessões: CVC (+14,40%), IRB (+2,50%), Gol (+1,94%) e Azul (+1,12%). No dia anterior, nenhuma ação do Ibovespa havia subido, com a pressão de vendas generalizadas que se impôs no fim da sessão após a confirmação dos primeiros casos de transmissão local do coronavírus no Brasil. O giro financeiro, elevado, totalizou R$ 39,9 bilhões nesta sexta-feira.

Mesmo com o barateamento da Bolsa em dólar, que chegou a 12,4% em fevereiro ante janeiro considerando o avanço da moeda americana e a perda de pontos do Ibovespa, o fluxo de saída de recursos estrangeiros, a R$ 44,798 bilhões em 2020, já supera os saques acumulados ao longo de todo o ano passado, de acordo com os mais recentes dados da B3, atualizados até a quarta-feira, dia 4.

O Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira mostra um mercado dividido com relação às expectativas para o desempenho das ações na próxima semana. De um total de 20 respostas, 35% apontaram que o Ibovespa deve ter ganho no período, porcentual menor do que os 50% apurados na pesquisa anterior. A perspectiva de estabilidade subiu de 22,22% para 40%, enquanto os que esperam uma semana de queda correspondem agora a 25%, ante 27,78% na amostra anterior.

Pelo segundo dia, o Ibovespa registrou perdas mais amplas do que Nova York, onde os três índices apontavam no fechamento de hoje ajustes negativos de até 1,87%, o que contribuiu para o Ibovespa se afastar das mínimas da sessão, que se renovavam após as 17h. Por aqui, o mercado de juros se acomoda a um corte mais modesto do que se chegou a antecipar para a Selic na reunião de 17 e 18 de março, nos mesmos dias em que o Federal Reserve pode voltar a reduzir a taxa de juros dos EUA em 0,50 ponto porcentual, após o corte extraordinário desta semana, também de 0,50 ponto.

Para a Selic, a previsão de consenso agora é de um corte de apenas 0,25 ponto, tendo em vista a esticada no dólar, que nesta sexta-feira fechou em baixa de 0,38%, a R$ 4,6338, após ter avançado nas 12 sessões anteriores. Na máxima de hoje, a moeda à vista chegou a ser negociada a R$ 4,6715.

No Brasil, o escopo muito limitado para uma reação ao coronavírus pelo viés monetário ou fiscal redobra a atenção dos investidores para a progressão das reformas – e o que se tem visto não é alentador, observam analistas. "Quando se coloca um humorista para falar pelo presidente em uma situação grave como a atual parece irreal. Mas isso aconteceu, e em um momento em que – basta olhar para o câmbio – temos sofrido mais do que outros emergentes. O investidor estrangeiro continua saindo", aponta uma fonte do mercado. "O próprio ministro Paulo Guedes parece estar agora em seu momento mais difícil, de maior fragilidade."

Nesta sexta-feira, os contratos do Brent para maio fecharam em queda de 9,44%, a US$ 45,27, enquanto o WTI de abril cedeu 10,06%, a US$ 41,28 por barril, no que foi a maior perda diária para a referência americana desde 2014. A indecisão da Opep+ quanto a atuar de forma mais restritiva na ponta da oferta colocou pressão extra sobre os preços da commodity.

Em comunicado hoje, o grupo de produtores não indicou corte adicional da oferta, em momento no qual o surto de coronavírus diminui a demanda pelo insumo, em meio à desaceleração da China e de outros grandes consumidores. Assim, Petrobras ON fechou a sessão em queda de 10,26% e a PN, de 9,73%. Outra blue chip das commodities, Vale ON cedeu 4,78% na sessão.

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