Os professores da rede pública do Rio de Janeiro decidiram deflagrar greve contra o retorno das aulas presenciais nas escolas estaduais e municipais. A categoria vai reivindicar que os profissionais de educação façam parte do grupo prioritário e sejam vacinados contra a covid-19, após os profissionais da saúde e idosos. A ideia é manter o ensino remoto, mas não voltar às salas de aula.
Na semana passada, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciou o plano de volta às aulas das 1.543 escolas da rede municipal de ensino. A previsão é que as aulas presenciais sejam reiniciadas em 24 de fevereiro, com medidas de prevenção, monitoramento e contingência de casos do coronavírus.
Já o governo estadual marcou a retomada para 1º de março, priorizando os 70 mil alunos sem acesso a computadores ou internet para acompanhar aulas remotas, cerca de 10% da rede. Os estudantes poderão ir à escola em sistema de revezamento de dias e turmas.
Os professores da rede municipal votaram a medida em assembleia online realizada neste sábado, 30, pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ). A greve foi aprovada por 84,5% dos 387 votantes. Na sexta-feira, 29, a rede estadual já tinha anunciado que faria greve, que teve 89% de aprovação.
Com isso, a recomendação é que o profissional que for convocado a partir de fevereiro para o trabalho presencial não deve comparecer à escola. O movimento foi batizado de Greve Pela Vida.
O Sepe-RJ afirma que tomará as medidas judiciais cabíveis contra a determinação da prefeitura carioca de retomar as aulas presenciais, que considera um risco à vida dos profissionais de educação, dos alunos e de toda a coletividade.
"A reabertura das escolas e o retorno das atividades presenciais em plena pandemia, que neste momento tem uma segunda onda de pico de contágio e mortes, favorecerão ainda mais a circulação e a aglomeração de pessoas propiciando o aumento do nível de contágio e de mortes. A rede municipal do Rio é a maior rede da América Latina e uma referência, sua reabertura poderá produzir um efeito cascata sobre as demais redes de educação (…)", diz o sindicato em comunicado.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) afirma que respeita a decisão da assembleia sindical, mas que por entender que a Educação é atividade essencial, "o compromisso do Governo do Estado é garantir que milhares de adolescentes e jovens retornem ao convívio escolar seguro após quase um ano de interrupção de aulas". A secretaria municipal de Educação não retornou até o fechamento desta reportagem.