As novas tarifas comerciais anunciadas por Donald Trump podem pesar (e muito) no bolso de quem planeja comprar eletrônicos nos Estados Unidos. Analistas do UBS Wealth Management estimam que os preços de celulares, relógios inteligentes e outros dispositivos tecnológicos devem subir entre 5% e 29% no mercado americano — dependendo do país onde os produtos são montados.
Entre os itens mais afetados estão os iPhones, queridinhos dos consumidores brasileiros que viajam aos EUA em busca de preços mais baixos. O modelo iPhone 16 Pro Max com 256 GB, por exemplo, que é montado na China, pode ficar 29% mais caro — o que representa um acréscimo de cerca de US$ 350. Já o iPhone 16 Pro de 128 GB, montado na Índia, teria aumento menor, de 12% (aproximadamente US$ 120).
O impacto atinge também outros produtos da Apple. O Apple Watch Ultra 2, produzido no Vietnã, pode sofrer um reajuste de 19%, ou US$ 150 a mais no preço final. E o efeito não se limita à gigante de Cupertino: segundo o UBS, servidores montados em Taiwan — essenciais para inteligência artificial — devem ficar até 27% mais caros, evidenciando que a nova rodada de tarifas poderá atingir em cheio o setor de tecnologia.
Apesar das estimativas, ainda há incertezas sobre como as tarifas serão implementadas, quais produtos terão exceções e como as empresas irão dividir os custos com fornecedores e consumidores finais. “Há também alguma confusão em torno da isenção de semicondutores e da não isenção de hardware”, apontam os analistas do UBS. Semicondutores e chips estão entre os principais componentes desses dispositivos, e eventuais tarifas sobre eles podem prejudicar os lucros de empresas do setor.
A perspectiva de aumento de custos e margens menores já afeta os mercados: as bolsas internacionais operam em queda pelo terceiro dia consecutivo. O índice Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, acumula perdas de 15% no último mês e já caiu 20% em 2025.
Segundo o UBS, se as tarifas forem mantidas por um período prolongado, o lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) das big techs pode cair entre 20% e 25%. Se o impacto for passageiro, o tombo nos lucros seria mais contido, entre 3% e 5%. O setor, que já sofreu nos últimos anos com tarifas anteriores do governo Trump e com a alta de juros, agora vive novo momento de incerteza.
“Prestaremos muita atenção às atualizações macroeconômicas e corporativas durante as próximas semanas”, afirmam os analistas do banco suíço. A avaliação é clara: a volatilidade no mercado de tecnologia deve continuar, e empresas do setor precisam adotar estratégias mais conservadoras de preservação de capital.


