O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou sua rede Truth Social nesta segunda-feira (7) para sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em publicação, o republicano afirmou que o brasileiro é alvo de uma perseguição política, semelhante à que ele próprio diz ter enfrentado nos EUA.
“Estarei assistindo a caça às bruxas de Jair Bolsonaro, de sua família e de milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelos eleitores do Brasil — isso se chama eleição. Deixem Bolsonaro em paz!”, escreveu Trump.
O norte-americano evitou mencionar diretamente as ações judiciais que tramitam contra Bolsonaro, mas disse que vê uma ofensiva constante contra o ex-presidente. “Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, afirmou.
Trump também destacou que conhece Bolsonaro pessoalmente e o classificou como um “líder forte” e bom negociador. A relação entre os dois se estreitou desde a eleição presidencial de 2018, com elogios públicos de ambos os lados ao longo dos anos.
Em maio deste ano, Bolsonaro se reuniu com Ricardo Pita, conselheiro sênior do Departamento de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental. Após o encontro, o ex-presidente afirmou que Trump acompanha o cenário político brasileiro, incluindo o julgamento do STF.
A manifestação do republicano gerou reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em nota oficial, Lula afirmou: “A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano”.
Apesar da crítica, Lula também tem um histórico de apoio a aliados investigados. Na semana passada, durante visita à Argentina, ele esteve com a ex-presidente Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar. O petista posou para uma foto segurando um cartaz com a frase “Liberdade para Cristina”.
Bolsonaro comemorou a declaração de Trump. “Recebi com muita alegria a nota do presidente”, escreveu nas redes sociais. “Este processo ao qual respondo é uma aberração jurídica, clara perseguição política, já percebida por todos de bom senso”, completou.
O ex-presidente está inelegível até 2030 por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação, além de abuso de poder político e econômico. As condenações se referem à reunião com embaixadores, em julho de 2022, e aos eventos do Bicentenário da Independência, em setembro do mesmo ano.
Além disso, Bolsonaro é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele responde por cinco crimes, entre eles tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada e golpe de Estado. Caso condenado, pode pegar até 39 anos de prisão.


