A tentativa do prefeito Lucas Sanches (PL) de conter a repercussão negativa sobre o fechamento dos hospitais veterinários públicos de Guarulhos gerou uma nova onda de críticas — desta vez, no campo político. Após a Prefeitura bloquear os comentários em uma publicação sobre a instalação improvisada de um Castramóvel na Praça Getúlio Vargas, vereadores de diferentes espectros ideológicos se posicionaram, com exclusividade ao GWeb, contra a postura adotada pela gestão municipal.
A medida foi tomada após uma enxurrada de críticas a uma postagem no Instagram oficial da Prefeitura de Guarulhos, que anunciava o Castramóvel como substituto para os dois hospitais veterinários públicos fechados pela atual gestão.
Antes do bloqueio dos comentários, moradores acusavam a Prefeitura de desmontar a política pública de saúde animal e classificavam o veículo como uma solução “paliativa”, “mal planejada” e incapaz de suprir a demanda que era atendida pelas unidades fixas, criadas pelo ex-prefeito Guti.
Anunciado como solução emergencial, o Castramóvel, um ônibus amarelo vinculado a uma ONG de Itaquaquecetuba, foi instalado na Praça Getúlio Vargas na última sexta-feira (12). No entanto, poucas horas após a publicação nos canais oficiais do prefeito, o veículo simplesmente desapareceu do local, sem aviso prévio, revoltando ainda mais os guarulhenses. Em meio a improvisos e sinais de desorganização, um novo ônibus, desta vez verde e ligado a outra ONG, surgiu nesta segunda-feira (14).
Para o vereador Delegado Gustavo Mesquita (Republicanos), o bloqueio de comentários fere princípios básicos da administração pública. “O perfil oficial da prefeitura não é um instrumento de propaganda do governo, mas sim um canal institucional importante para informar e, sobretudo, ouvir a população, que não pode ser silenciada”, afirmou ao GWeb. Segundo ele, a tentativa de “censura” não resolve o problema, apenas evidencia o despreparo da Prefeitura em lidar com críticas legítimas.
Na mesma linha, o vereador Mauricio Guti (Mobiliza) também repudiou a atitude da Prefeitura. “Impedir a população de se manifestar livremente nas redes sociais institucionais é uma atitude autoritária, que fere os princípios da transparência, do diálogo e do respeito à democracia. A crítica da população precisa ser ouvida, não silenciada”, afirmou ao GWeb.
O tom foi semelhante entre parlamentares da esquerda. A vereadora Fernanda Curti (PT) classificou como “absurda” a decisão de silenciar os comentários em uma página institucional. “Não estamos falando da vida pessoal do prefeito, mas sim dos interesses da cidade. Isso mostra que ele não tem nenhum compromisso com a democracia e com a população de Guarulhos”, disse à reportagem.
O vereador Seminaldo (PT) também se posicionou exclusivamente ao GWeb e alertou que redes sociais são hoje espaços legítimos de participação popular. “Dificultar ou impedir que a população se manifeste vai na contramão do que se deseja. Espero que se trate de um equívoco.”
Entre os que buscaram uma leitura mais moderada, o vereador Alemão dos Transportes (DC) relativizou a gravidade do bloqueio. Ao GWeb, o parlamentar disse entender que a decisão da Prefeitura visava “organizar o fluxo de informações” e evitar a propagação de desinformação. “Não vejo essa medida como censura, mas sim uma forma de garantir que a comunicação seja feita com responsabilidade”, afirmou.
Já o vereador Kleber Ribeiro (PL), embora contrário ao bloqueio de comentários — “jamais bloqueei, nem mesmo quando fui ofendido” —, desviou o foco da crítica à Prefeitura e apontou o que considera uma instrumentalização política do episódio. “Muitos se mobilizam politicamente, não estão pensando em clínica veterinária nenhuma, e sim na próxima eleição ou licitação”, afirmou ao GWeb, aproveitando para também criticar a imprensa local pela falta de reconhecimento de seu trabalho parlamentar.


