A poucos dias do julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e atentado violento à democracia, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou uma série de medidas que apertam significativamente o cerco contra o núcleo duro do bolsonarismo. Entre os alvos estão Bolsonaro, seu filho Eduardo Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, figura central na articulação política e midiática do grupo.
Na última quarta-feira (20), a Polícia Federal indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro por coação no curso do processo, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A investigação revelou uma trama que envolvia articulações com o governo de Donald Trump para pressionar o STF e influenciar o julgamento, inclusive com sanções econômicas contra o Brasil, como o tarifaço de 50% imposto pelos EUA.
Além disso, Moraes deu 48 horas para que a defesa de Bolsonaro explique o descumprimento de medidas cautelares, como o uso indevido de redes sociais e a substituição de celulares apreendidos. A PF também identificou um rascunho de pedido de asilo político à Argentina, reforçando suspeitas de tentativa de fuga.
Silas Malafaia, por sua vez, foi alvo de busca e apreensão no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Segundo a PF, o pastor instigou Bolsonaro a violar as ordens judiciais e orientou estratégias de comunicação para pressionar o STF. Em mensagens interceptadas, Malafaia sugeria horários e canais para postagens, além de discursos que vinculavam sanções econômicas à necessidade de anistia para Bolsonaro. “Eles se caqão disso!”, escreveu o pastor, referindo-se aos ministros do Supremo.
A ofensiva coordenada por Moraes visa conter a escalada de ataques e protestos planejados para o início do julgamento, marcado para 2 de setembro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) agora analisa os relatórios da PF e pode apresentar novas denúncias contra os envolvidos.


