Polícia

Cinco estrangeiros morrem no Centro de Detenção Provisória 1 em Guarulhos

 Cinco estrangeiros morreram no CDP 1 de Guarulhos após atraso em tratamentos médicos. Defensoria denuncia superlotação e falhas graves; SAP apura os casos.

Pelo menos cinco presos estrangeiros morreram desde julho no Centro de Detenção Provisória 1 (CDP 1) de Guarulhos, na Grande São Paulo, após a transferência de mais de mil detentos da Penitenciária de Itaí. As informações foram divulgadas pela Folha de S.Paulo, nesta sexta-feira.

Segundo a Defensoria Pública do Estado, vistoria realizada em 15 de agosto apontou atrasos na entrega de prontuários médicos, o que teria impedido a continuidade de tratamentos para doenças crônicas como hipertensão, diabetes, asma e transtornos psiquiátricos. O órgão relatou ainda falta de medicamentos, ausência de dietas especiais, escassez de insumos médicos e más condições de alojamento.

Entre os mortos estão um boliviano, um chileno e um tanzaniano. Um dos casos é de Willy Renfijo Ajata, 60 anos, caminhoneiro boliviano preso em 2024 por tráfico de drogas – processo em que sua defesa afirma inocência. Portador de diabetes e hipertensão, ele teria aguardado mais de uma semana para receber atendimento médico, vindo a falecer em 15 de agosto.

Superlotação e estrutura precária

De acordo com a Defensoria, algumas celas chegaram a abrigar 20 pessoas em espaços projetados para 12, e faltavam colchões, cobertores e até escovas de dente. Também foi constatada a ausência de chuveiros quentes em parte da unidade, durante o período mais frio do ano.

Advogados que atuam no local relataram ainda que o atendimento médico ocorre no máximo duas vezes por semana e que há queixas sobre a quantidade e qualidade da alimentação.

Investigação da SAP

A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) afirmou que abriu procedimento investigatório para apurar os óbitos. Em nota, disse que os detentos receberam atendimento médico e hospitalar, e que todos tinham comorbidades pré-existentes. A pasta também informou que o CDP 1 de Guarulhos conta com dois médicos, cinco enfermeiros, fornece materiais de higiene semanalmente e entregou novos colchões.

No primeiro semestre de 2025, o sistema prisional paulista registrou 282 mortes, sendo 182 classificadas como naturais e 70 sem causa esclarecida. Em 2024, o total foi de 596 óbitos, a maioria por questões de saúde.