Internado há 15 dias, a expectativa é que o paciente receba alta neste domingo (12) após receber as doses da bebida durante quatro dias.
A vodca foi levada durante uma madrugada por Camila Crespi, advogada, sobrinha do comerciante Cláudio Crespi, até o hospital em que ele está internado, onde chegou em estado muito grave. A bebida tinha sido presente de uma amiga de Camila há cerca de cinco meses.
O comerciante tinha bebido uma dose de vodca em um bar na avenida Guarulhos e, no dia seguinte, em 27 de setembro, foi socorrido por um amigo que o levou para o hospital. “Ele já estava com bastante dor abdominal, confusão mental, não lembra como foi parar na UPA”, conta a sobrinha.
Os médicos precisaram entubar o comerciante assim que ele deu entrada na UPA porque ele tinha dificuldades para respirar. Segundo Camila, desde o início, os profissionais “perceberam a gravidade do caso”. Na sequência, ele foi transferido para o Hospital Municipal José Storopolli, em São Paulo.
Já na entrada, médicos na emergência falaram do antídoto, mas o produto estava em falta no hospital. “Viram que não tinha o fomepizol nem o etanol farmacêutico, que é o que eles utilizam”, relembra a advogada ao portal. Nesse ponto, um primo médico que também acompanhava a situação do tio, pediu para que a família fosse atrás de um destilado que tivesse mais de 30% de álcool na ausência do antídoto.
“Saímos de madrugada atrás do destilado e não tinha nada aberto. Meu marido lembrou da vodca russa que tínhamos ganhado de uma amiga de viagem. Fui para casa pegar a garrafa e voltei para o hospital. Entreguei a bebida nas mãos do meu primo médico, que viu que era 40% de álcool [precisava ser no mínimo 30%], e ele levou para a emergência junto com os outros médicos para administrar na sonda”, relatou Camila ao UOL.
De acordo com a sobrinha, o comerciante tomou a solução com a vodca russa por quatro dias. O período foi o mesmo em que ele ficou em coma para reduzir, assim, o índice de metanol no corpo. Além da bebida, ele fez hemodiálise e tomou uma solução com bicarbonato para “combater a acidez no sangue”. Para Camila, “o que limpou mesmo foi a hemodiálise”.
Segundo o portal, o comerciante já fala e anda normalmente, mas a visão ainda não voltou totalmente. “Ele não perdeu a visão, está com baixa visão e não consegue ver as cores ou luminosidade. Está fazendo o tratamento com os oftalmologistas da equipe do doutor Fábio Ejzenbaum da Santa Casa”, explica a advogada. O procedimento também inclui o uso de corticoide para “desinflamar o nervo óptico”, relatou ainda.
A família ainda não pensou sobre abrir um boletim de ocorrência contra o bar. “Estamos preocupados com o bem-estar dele no momento”, afirma.
Etanol contra metanol
O uso de etanol deve ser feito por sonda, em ambiente hospitalar e sob supervisão de uma equipe de saúde. O produto é uma alternativa na ausência de medicamentos como o fomepizol com a intenção de desviar o funcionamento do fígado e assim reduzir a metabolização do metanol.
Atualmente, são 29 pessoas intoxicadas por ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas por metanol no Brasil, segundo balanço do Ministério da Saúde, de sexta-feira (10). Goiás tem dois casos suspeitos.


