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Justiça manda Palmeiras demolir Centro de Treinamento em Guarulhos por danos ambientais

CT do Palmeiras (Foto: Divulgação Palmeiras)
CT do Palmeiras (Foto: Divulgação Palmeiras)
Justiça manda o Palmeiras demolir o centro de treinamento da base em Guarulhos por irregularidades ambientais e descumprimento de contrapartidas; clube pode recorrer.

A Justiça paulista decidiu pela demolição da Academia de Futebol 2, centro de treinamento do Palmeiras localizado no Parque Ecológico do Tietê, em Guarulhos. A decisão atende a uma ação do Ministério Público que aponta falhas ambientais, descumprimento de contrapartidas e irregularidades no uso do espaço cedido ao clube desde a década de 1990.

Decisão judicial anula acordo e exige demolição total da estrutura

A sentença, assinada pelo juiz Rafael Carvalho de Sá Roriz, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos, foi emitida na última sexta-feira (14). O magistrado determinou que todo o centro de treinamento que ocupa 45 mil m² e possui cinco campos de futebol seja demolido e que o Palmeiras, junto ao DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão do Governo do Estado, restaure integralmente a área em sua condição natural.

O centro foi construído após um acordo firmado em 1998, que cedia o terreno ao clube por 50 anos. Para o juiz, entretanto, a autorização deveria ter passado por chamamento público, permitindo que outros interessados disputassem o uso da área ambientalmente sensível.

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Ministério Público aponta degradação ambiental e ausência de vigilância

O Ministério Público afirma que o Palmeiras não cumpriu as contrapartidas previstas no acordo original. Entre elas, a instalação e manutenção de um posto de vigilância 24 horas para fiscalizar a entrada de pessoas, veículos e materiais no parque medida considerada fundamental para evitar invasões e degradação.

Sem essa estrutura, segundo o MP, o Parque Ecológico sofreu diferentes formas de dano ambiental ao longo dos anos. A ação também apresenta um laudo pericial que aponta:

  • Lançamento de efluentes no canal do Tietê

  • Existência de fossa séptica irregular e fora das normas técnicas

  • Intervenções sem licenciamento adequado

  • Riscos ambientais persistentes na área

Para o juiz, “a Sociedade Esportiva Palmeiras é responsável direta pelos danos causados”, seja por ações realizadas ou pela ausência de obras necessárias.

Palmeiras rebate: diz que recuperou área degradada e age dentro da lei

Em defesa apresentada à Justiça, o Palmeiras afirmou que a ocupação do local sempre foi regular, transparente e benéfica ao parque. Segundo o clube, a área era abandonada, alvo de invasões e depósito de lixo antes de 2002.

O clube argumenta que:

  • Recuperou ambientalmente o espaço

  • Implantou atividades sociais e esportivas para jovens

  • Mantém limpeza, segurança e vigilância constante na região

  • Não causa degradação ambiental e, ao contrário, trouxe melhorias ao local

O Palmeiras também citou um novo acordo assinado com o Daee em 2018, reforçando que sua presença no Parque Ecológico é legítima e monitorada.

CT do Palmeiras (Foto: Divulgação Palmeiras)
CT do Palmeiras (Foto: Divulgação Palmeiras)

Clube pode recorrer e definir próximos passos

A decisão não é definitiva. O Palmeiras pode recorrer e buscar suspensão ou reversão da ordem de demolição. Caso seja mantida, o clube e o Daee deverão devolver o terreno ao estado original, com recomposição de vegetação e reparação total dos danos ambientais apontados na ação.