O empresário Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, foi preso pela Polícia Federal (PF) na noite desta segunda-feira (17). Segundo apuração da TV Globo, a detenção ocorreu no Aeroporto de Guarulhos, onde Vorcaro tentava deixar o Brasil a bordo de um avião particular.
Investigadores apontam que Vorcaro estava no banco, em São Paulo, na tarde de segunda. Após a divulgação do comunicado de venda da instituição, ele pegou um helicóptero e seguiu para o aeroporto. O destino final era Malta, um país da Europa, com o banqueiro embarcando pelo terminal da aviação executiva.
Fuga e esquema de fraudes
Para os investigadores, a tentativa de viagem configura uma fuga. O objetivo de Vorcaro seria se afastar do país após a notícia da venda do Banco Master se tornar pública, embora ele não soubesse da operação policial prevista para a terça-feira.
A operação policial tem como alvo a venda de títulos de crédito considerados falsos. O esquema consistia na emissão de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) pela instituição, com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado, um valor muito superior ao praticado. No entanto, o pagamento prometido não era realizado.
Liquidação e Fim das Negociações
O Banco Master já enfrentava um risco de falência devido ao alto custo de captação de recursos e a investimentos considerados arriscados. Em março, a instituição chegou a fechar um negócio de venda com o Banco de Brasília (BRB), mas a proposta foi rejeitada pelo Banco Central (BC).
A prisão de Vorcaro ocorreu um dia após um consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master. O negócio envolveria a participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos e previa um aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforçar o caixa da instituição, que passava por dificuldades financeiras.
No entanto, na manhã desta terça-feira (18), o Banco Central emitiu um comunicado decretando a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição. Com essa decretação, qualquer negociação de compra em andamento é automaticamente interrompida, e a compra pelo grupo Fictor, que ainda dependia da aprovação do BC e do Cade, é encerrada.
A operação da PF, denominada Compliance Zero, estava prevista para esta terça-feira, mas a prisão de Vorcaro foi antecipada diante da possibilidade de fuga. A operação cumpriu no total sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
Tentativas anteriores de venda, como a proposta do BRB, para evitar a quebra do Banco Master, foram alvo de contestações por órgãos de controle e pelo BC, sendo impactadas por pressões políticas, disputas judiciais e menções em diversas investigações. A decisão do BC em setembro de negar a venda ao BRB foi justificada pela ausência de documentos que comprovassem a “viabilidade econômico-financeira” e por o pedido não contemplar todos os requisitos necessários.
