Depois de muita polêmica no campo jurídico e desinformação propagada, o Guarulhos Fest Show, como era de se prever, acabou sendo realizado entre os últimos dias 5 e 8 no Parque Cecap, independentemente das denúncias e idas e vindas de decisões judiciais. Houve problemas localizados, como ocorre em todo grande evento, mas não se pode negar que também teve adesão do público. Questões ambientais e sobre uso de dinheiro público, que foram amplamente combatidas e denunciadas pelo ex-prefeito Elói Pietá (Solidariedade) e a vereadora Fernanda Curti (PT), entre outras lideranças do bairro e movimentos populares, ficaram relegadas à segundo plano.

Agora é com a Justiça
Diante de tudo, ficam várias lições para todos os envolvidos. Apesar de ter realizado o evento, que parecia uma questão de honra para o governo de Lucas Sanches (PL), sobraram diversas questões que vão tramitar na Justiça e devem dar dor de cabeça para a administração ainda. A última decisão, concedida após às 20h de sexta-feira, depois do início do evento, pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, deixa claro que tudo o que foi apontado deverá ser investigado.
Deixaram rastros
As defesas da Prefeitura, ao longo do processo nas mais diferentes esferas da Justiça – TJ (Tribunal de Justiça de São Paulo), STJ (Superior Tribunal de Justiça) e STF (Superior Tribunal Federal) – apresentam diversas confissões por parte do governo Lucas Sanches de que houve sim uso de dinheiro público, além de aceleração de algumas etapas, com o objetivo de dar tempo de realizar o show.
Prejuízos milionários?
Em sua decisão, Fachin na liberação do show aponta que “o Município argumenta que a paralisação do evento, cuja estrutura já está montada e contratos celebrados, acarretará prejuízos milionários, desmobilização onerosa e risco de ações indenizatórias contra a Administração”. Mais à frente deixa claro, que o processo prossegue: “a jurisprudência entende que o presidente do tribunal, ao analisar o pedido de suspensão, não adentra o âmbito da controvérsia instalada na demanda, não incursionando o mérito da causa principal”. Ou seja, isso ainda vai dar muito pano para manga.
Grave lesão à economia pública?
Em outro momento, no pedido da Prefeitura ao STJ, feito na noite de quinta-feira, dia 4, véspera do início do evento, a defesa de Lucas argumenta: “A paralisação compulsória do Guarulhos Fest Show 2025 neste momento processual e fático, ou seja, a menos de 24 horas de seu início, caracteriza a mais flagrante hipótese de grave lesão à ordem e à economia pública”. Em outro trecho: “A quebra de contratos assinados (Contrato de Credenciamento nº 01/2025 – SCT, fls. 422/426) com a empresa organizadora gerará, inevitavelmente, múltiplas ações judiciais por perdas e danos contra o Município”. Naquele dia, pouco antes, a promotora enviou ofício à Prefeitura informando que as multas à Prefeitura chegariam a R$ 11 milhões.
Produção de fake news a rodo

Quando saiu a decisão em primeira instância, no TJ, em que um desembargador determinou a suspensão do evento e paralisação dos trabalhos no local, impondo multa que chegaria a R$ 2 milhões, o governo Lucas demonstrou que não iria acatar a decisão. Tanto que os trabalhos no Cecap permaneceram e o próprio prefeito, em suas redes sociais, apareceu até dançando garantindo que haveria o Guarulhos Fest Show. Blogs comprometidos com a gestão, numa demonstração de que Jornalismo não passa nem perto de seus princípios, saíram espalhando que as notícias, baseadas nas decisões judiciais, eram fake news. Na verdade, foram eles que espalharam a mentira a mando do poder.
Aniversário sem obras
Historicamente, o 8 de dezembro, dia do aniversário de Guarulhos, é marcado por inaugurações e entregas de programas municipais por parte da Prefeitura. Neste ano, sem qualquer explicação, não houve nada da parte do prefeito Lucas Sanches, que concentrou suas energias na festa do Cecap. Ele esteve na missa solene na matriz, onde compareceram também os ex-prefeitos Guti (PSD) e Elói Pietá (Solidariedade), onde cortou o bolo de aniversário na frente da Matriz. Fora isso, mais nada.
Final de ano em amarelo
Em seu discurso, Lucas inclusive listou suas grandes conquistas ao longo do ano. Citou algumas poucas obras que entregou, todas construídas no governo passado que já estavam prontas, algumas funcionando, ou concluídas faltando apenas a finalização, além de reformas já previstas. De novo mesmo, nada. Passou o ano inteiro apenas prometendo e chegou ao final de 2025 em branco, ou melhor, em amarelo.
Da bicicletinha à nave
E para não dizer que não teve nada novo no aniversário de Guarulhos, os carros do prefeito e do vice são zerinho. Eles estão, cada um deles, a bordo de um Toyota Hilux SW preto, com as placas 001 e 002. Sem blindagem ou qualquer acessório e preparação a mais, cada veículo destes custa no mercado cerca de R$ 420 mil. Para quem só andava de bicicletinha, um grande progresso.


