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Lucas Sanches reajusta tarifas de ônibus para R$ 6,20, o maior aumento da história de Guarulhos

Decreto fixa passagem em R$ 6,20 a partir de janeiro de 2026; aumento de 21,56% ocorre após três anos de congelamento e contrasta com política adotada nas gestões anteriores.

A Prefeitura de Guarulhos oficializou, por meio de decreto assinado pelo prefeito Lucas Sanches, o maior reajuste da tarifa de ônibusda história do município. A partir da 0h do dia 1º de janeiro de 2026, o valor da passagem do transporte coletivo municipal passará a ser R$ 6,20, independentemente da forma de pagamento, unificando todas as modalidades.

O valor é o maior de toda a região metropolitana de Sao Paulo. Também nesta segunda-feira, foi anunciado que as tarifas na Capital vão para R$ 5,40, assim como o Metrô e trens metropolitanos.

A medida representa uma mudança significativa na política tarifária da cidade e ocorre após três anos consecutivos de tarifa congelada, entre 2022 e 2025.

O decreto tem como base, entre outros fatores, uma decisão judicial no processo nº 1038557-12.2024.8.26.0224, que determinou a unificação dos valores cobrados na tarifa municipal, garantindo isonomia no tratamento dos usuários do transporte público, conforme prevê a legislação federal e municipal. Havia três opções: manter a R$ 5,10, valor cobrado pelo cartão-cidadão, deixar pelos R$ 5,30, valor para quem pagava em dinheiro ou passar para R$ 6,20, valor que incidia sobre o vale-transporte pago pelas empresas. Lucas preferiu unificar pela tarifa maior.

Com isso, deixam de existir diferenças entre valores pagos em dinheiro, cartão cidadão ou vale-transporte. A exceção permanece apenas para o Cartão Escolar, que segue com desconto de 50%, fixando a meia-tarifa em R$ 3,10.

Custo real da passagem passa de R$ 8,49

Segundo a planilha de custos apresentada ao Conselho Municipal de Transportes e Trânsito (CMTT) e publicada no Diário Oficial do Município, o custo total por passageiro equivalente chegou a R$ 8,4989 em dezembro de 2025.

A Prefeitura afirma que a diferença entre o custo real do sistema e o valor pago pelo usuário é coberta pelo subsídio tarifário, política prevista na Lei Federal nº 12.587/2012, que permite ao município arcar com parte do valor para garantir modicidade tarifária.

Mesmo com o reajuste, o município seguirá subsidiando o sistema.

Contraste com a gestão anterior

O aumento chama atenção quando comparado ao histórico recente da cidade. Entre 2017 e 2025, período que abrange oito anos da gestão do ex-prefeito Guti, as tarifas de ônibus em Guarulhos tiveram reajuste acumulado de apenas 13,3%.

No mesmo intervalo, a inflação oficial acumulada no país ultrapassou 40%, o que fez com que a tarifa, na prática, fosse corrigida muito abaixo da variação do custo de vida.

Agora, em apenas um ano de governo, Lucas Sanches promove um reajuste que supera 20% de uma só vez, percentual maior do que todo o aumento registrado ao longo da última década.

Três anos de congelamento e mudança brusca

Desde 2022, a Prefeitura mantinha a tarifa congelada como política pública de proteção econômica, especialmente no período pós-pandemia, quando renda e emprego ainda estavam em recuperação.

O novo decreto marca uma mudança brusca de estratégia, com impacto direto no orçamento de trabalhadores, estudantes e famílias que dependem diariamente do transporte coletivo.

Embora a administração sustente a necessidade do reajuste com base nos custos do sistema, a dimensão do aumento já gera repercussão política e social, especialmente por ocorrer logo no primeiro ano da nova gestão.

Validade dos créditos e regras de transição

O decreto também estabelece que os créditos já adquiridos nos cartões Escolar, Vale-Transporte e Cidadão poderão ser utilizados pelo valor antigo até 31 de janeiro de 2026, funcionando como período de transição para os usuários.

Maior reajuste

Com a fixação da tarifa em R$ 6,20, Guarulhos passa a ter um dos maiores valores de passagem da região metropolitana, consolidando o decreto como o maior reajuste tarifário do transporte público municipal em mais de uma década.

O tema deve seguir no centro do debate público nos próximos meses, com questionamentos sobre impacto social, qualidade do serviço e transparência na gestão do sistema de transporte.