Bolsonaro: fala de Mandetta sobre "trezoitão" iria contra profissão de médico

O presidente Jair Bolsonaro comentou nesta segunda-feira, 19, a suposta declaração do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta sobre querer usar um "trezoitão", em referência a uma arma de calibre .38, contra os filhos do chefe do Executivo. Bolsonaro afirmou que, caso a fala fosse verdadeira, Mandetta estaria "negando tudo que ele estudou, inclusive o seu juramento quando se formou". O mandatário destacou que "o trabalho do médico é salvar vidas".

"Vou procurar saber, ouvi dizer isso aí. Quero emprestado o livro de alguém porque eu não vou comprar um livro desse cara, de jeito nenhum. Se for verdade, o cara está negando tudo que ele estudou, inclusive o seu juramento quando se formou. Vontade de atirar em mim, é isso mesmo? Ou nos meus filhos?", disse Bolsonaro nesta manhã a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

A frase atribuída ao ex-ministro, contudo, não consta do seu livro lançado em setembro, mas estaria no livro de Ugo Braga, ex-diretor de Comunicação do Ministério da Saúde que atuou na gestão de Mandetta. As informações são da colunista Mônica Bergamo, da <i>Folha de S. Paulo</i>.

No livro de Braga, que deve ser lançado em 10 de novembro, Mandetta teria dito que "o presidente é bom, é bem-intencionado. O problema são aqueles filhos dele, que ficam o dia inteiro xingando nas redes sociais (…) Minha vontade é pegar um trezoitão e cravar neles. Pelo menos passava a minha raiva". A fala teria ocorrido em 15 de abril, um dia antes do então ministro ser exonerado do governo.

Segundo a coluna de Mônica Bergamo da última sexta-feira, 16, o ex-ministro disse que não se lembra da fala e que não estava preocupado com os filhos do presidente durante o enfrentamento da pandemia. Hoje, quando questionado por apoiadores sobre a suposta declaração, o chefe do Executivo ressaltou que não tinha conhecimento do assunto. "Quero deixar claro que não vi o livro, ouvi dizer esse negócio que você perguntou. Eu não acredito que esteja escrito isso lá", acrescentou Bolsonaro.

Mandetta deixou o governo em 16 de abril depois de divergências com o presidente quanto à orientação de isolamento social e ao uso da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19. Nesta segunda-feira, Bolsonaro indicou ainda que "parece que teremos brevemente uma comprovação científica" sobre o remédio.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estudo Solidarity indicou que a hidroxicloroquina e outros três antivirais tiveram pouco ou quase nenhum efeito sobre os tempos de internação ou chances de sobrevivência de pacientes da covid-19. Os resultados da pesquisa, que ainda passarão por revisão, foram disponibilizados no servidor MedRxiv antes de serem publicados em uma revista científica.

Posso ajudar?